Essa frase nunca fez tanto sentido para mim quando a li pela primeira vez estando em Missão. Antes mesmo de ser Shalom, eu já era missionária, porque como cristã, eu era chamada a ir, a sair de mim, a levantar-me e colocar- me a serviço do outro. Assim foi o meu chamado antes de entrar para a Comunidade Católica Shalom.
Quando tive minha experiência com Deus, a que transformou verdadeiramente minha vida, em meu coração já ardia o desejo de ir em Missão. Eu iniciava minha caminhada na Obra ainda. Sem entender direito como funcionavam as missões, eu decidi ir a uma Romaria, de Fortaleza a Canindé (Ceará), pensando eu que estava em missão (rsrs)… Na verdade foi uma maravilhosa peregrinação de devoção a São Francisco.
Ainda como Postulante, sempre perguntava para as minhas autoridades se era tempo de ir em Missão. Infelizmente Deus dizia que não era a hora. Hoje, entendo bem o “tempo” de Deus, e O agradeço, assim como minhas autoridades, por serem voz de Deus para mim. Mas no D2 (Discipulado de segundo ano), no caminho rumo à Consagração de vida, percebi que não poderia dar um passo tão sério, tão decisivo na minha vida, sem tocar, sem mergulhar no Carisma. Eu reconhecia que precisava viver profundamente os conselhos evangélicos: pobreza, obediência e castidade. Vivê-los na radicalidade do Carisma seria uma experiência renovadora, libertadora, purificadora e santificadora para mim. Desprender-me de pessoas, coisas, sair da minha zona de conforto, dar essa prova de amor a Deus, era tudo o que queria. Graças a Deus, a Comunidade disse SIM a minha oferta de vida que seria de um ano.
Sem escolher o lugar, Deus quis me enviar para uma terra santa chamada Santo Amaro, SP. Os quatro primeiros meses foram os mais difíceis da minha vida rsrs, pelo frio, pela rotina de vida, pela cultura, apostolado, novos irmãos, NOVO EM TUDO! As obras são intensas e diárias. A violência de coração é quase que constante. Ao rezar com os Escritos, sentia-o encarnar na pele. Era como se vestisse uma pele com os Escritos nela. Não há como separar. Era o homem velho lutando contra o novo, brigando para não deixar o novo nascer, florir. Em missão, nossas vontades não existem mais. E essa é nossa maior dor. A ajuda dos irmãos, a vida fraterna, o tempo de oração, e o apostolado são o que nos salvam. Deus vai vencendo em cada situação. Os desafios são grandes, mas as graças superabundam. Foi o tempo em que mais me aproximei dos santos, dos anjos e de Nossa Senhora. Eles intercedem e nos ajudam, de fato, a viver a vocação.
Entretanto, não há graça maior do que a do AUTOCONHECIMENTO. A Missão proporciona isso de uma forma intensa, profunda e enriquecedora. Ver de perto nossas limitações, fraquezas, misérias, má educação, nossos pecados, mas também nossos dons, virtudes, dons desconhecidos por nós mesmos, nossa historia de vida, a chance de ver nossa historia familiar por outro ângulo, nos faz saber quem somos, quem não somos e para que estamos nesse mundo.
Hoje, estando de volta à minha terra primeira de missão, Fortaleza, colho os frutos de um tempo precioso e fecundo na minha vida pessoal, familiar, profissional e vocacional. A busca e luta em fazer a vontade de Deus é constante. Mas Ele também me ensinou a usar as armas certas para cada batalha, e me ensinou a enxergar melhor os inimigos que devo combater. Faz parte da obra de Deus alargar nossa inteligência e direcionar nossa vontade para a Dele. Sou muito feliz por ter ido em Missão, por ser Shalom, Shalom para sempre!
Sônia Barros, missionária, Consagrada na Comunidade de Aliança.
Bendito seja Deus por tudo o que Ele é, fez e faz em nós quando dizemos sim ao Seu chamado de amor! Fico muito feliz por te-la conhecido e ser parte também da missão de Santo Amaro! Que o Senhor continue a abençoa-la e conduzi-la! Grande abraço! Shalom!