Ensina Garrigou-Lagrange, a vida interior nasce da recepção da graça divina. Quando recebemos a graça de Deus na alma, inicia-se em nós um caminho rumo ao céu. É como que uma semente é plantada na nossa alma, e com o tempo, cuidado e esforço, esta deve crescer, germinar e dar frutos. São numerosas na Sagrada Escritura as passagens que revelam o Reino dos Céus através de figuras desta índole (cf. Mt 13; Mc 4, 26-34). Nesta perspectiva, o teólogo dominicano nos ensina que a graça de Deus é como que um germe de vida eterna na nossa alma.
Série Vida Interior #1: Sobre o problema de estarmos jogados dentro de nós mesmos
Série vida interior #2: Mas afinal, o que é vida interior?
Até agora pode parecer para alguns um assunto místico demais e distante da nossa realidade. Pois, olha, deixa te perguntar… você é batizado? Se sua resposta é “sim”, então, você já está vivendo isso! “Como assim?” Veja bem:
Quando somos batizados recebemos na alma a graça de Deus, que chamamos de graça santificante ou graça habitual. Se trata da graça divina que habita, que permanece em nós. De maneira ativa e eficaz, a graça de Deus age na nossa alma nos unindo a Deus. A nossa alma recebe uma qualidade e passamos a nos encontrar em um estado novo: o estado de graça. É o estado de graça que nos permite a entrada ao céu.
Já percebeu o importante que é o batismo? No exato momento do seu batismo, você iniciou um caminho rumo ao céu.
Pois, bem… continuemos…
Estado de graça
O estado de graça é pressuposto da vida interior, ou seja, é necessário possuir a graça para poder ter uma vida interior. Este é o primeiro passo. Contudo, isso não é tudo. É necessário colaborar com a graça recebida. Ensina Garrigou-Lagrange: “o estado de graça, que existe em toda criança após o batismo e em todo penitente após a absolvição de suas faltas, não basta para constituir aquilo que geralmente chamamos de vida interior do cristão. É preciso, além disso, uma luta contra o que poderia fazê-lo recair no pecado e uma séria determinação da alma de tender para Deus”
Tendo refletido sobre a origem da vida interior, valeria a pena perguntar-se qual é a real necessidade dela. Parece ser algo muito específico, reservado para pessoas chamadas a uma vida contemplativa, etc. No próximo artigo veremos que a vida interior é necessária para todos! Fica ligado!
1. Cf. GARRIGOU-LAGRANGE, R. As três idades da vida interior – Tomo I. São Paulo: Cultor de livros, 2018. pág. 46
2. Cf. GARRIGOU-LAGRANGE, R. As três idades da vida interior – Tomo I. São Paulo: Cultor de livros, 2018. pág. 32
3. GARRIGOU-LAGRANGE, R. As três idades da vida interior – Tomo I. São Paulo: Cultor de livros, 2018. pág. 46
Série Vida Interior #1: Sobre o problema de estarmos jogados dentro de nós mesmos