A encíclica papal “Caridade na Verdade”aponta luzes, soluções, saídas para novo modelo de sociedade. Vejamosos princípios que regem o desenvolvimento integral, segundo Bento XVI,para a construção de uma nova mentalidade.
1. O mundo é uma família. Somosimagem e semelhança de Deus, somos irmãos e não apenas vizinhos. Acomunidade internacional é uma grande família porque é possível arelação entre os povos, a integração a comunhão. Quanto maisreciprocidade tanto mais nos relacionamos como irmãos, vivendo o bemcomum.
2. O primado do “capital humano”.Nossa grande riqueza é a vida, a pessoa, a sociedade. Este é o capitalmais precioso a defender. A “lógica do mercado” destrói as riquezashumanas e sociais e cria novas pobrezas: desigualdades sociais,absolutismo do mercado e da técnica, o consumismo, a competiçãointernacional. O “capital humano” consiste em ser mais, conviver comoirmãos na confiança mútua, respeito, credibilidade. O “capital social éque importa porque é o desenvolvimento integral e a paz.
3. O principio da gratuidade. É aeconomia da comunhão que se fundamenta na “lógica do dom” e se expressana solidariedade, na partilha, na comunhão fraterna. A “economia dagratuidade” significa democratização do sistema econômico, ir além dolucro, superar a corrupção e a criar riquezas para todos. Os ricosdevem rever seus abusos, desvios, desperdícios, burocracias,especulações. A economia de comunhão se apóia no da “responsabilidadede proteger”, isto é, dar atenção aos pobres, rever o desarmamento,melhorar a segurança alimentar, regular as migrações, proteger omeio-ambiente.
4. A força do amor. a DoutrinaSocial da Igreja tem no amor sua via mestra. O amor torna verdadeira arelação humana pessoal e internacional. Cria diálogo, comunhão,confiança e responsabilidade social. O amor vai além da justiçasignifica “dar do que é meu”. Justiça é dar ao outro o que é dele. Ajustiça é o primeiro passo do amor. Sabemos que amar é querer o bem dooutro. O amor é a possibilidade do bem comum que é caminho político doamor. Este amor fraterno é expressão do amor de Deus. A força do amorpossibilita a partilha dos bens, a reciprocidade dos povos, o primadoda vida e da pessoa. O amor cuida do outro.
5. A mobilização do coração. Odesenvolvimento deve nos levar a “ter mais para ser mais”. Este é ocoração da mensagem cristã. Anuncia Cristo, seu evangelho e seu reino,é colaborar com o desenvolvimento. A técnica e as instituições nãoconseguiram construir um desenvolvimento humano global, integral.Cresce a riqueza e aumenta a pobreza. Vivemos num “hiperdesenvolvimentotécnico e num subdesenvolvimento moral”. Os “prodígios da técnica e dasfinanças” geraram a crise, econômica mundial.
O homem precisareencontrar-se a si mesmo, reconhecer a lei natural no seu coração. Umcoração novo nos dá olhos novos. Novo humanismo se faz com homens novoscom novo coração.
6. A fidelidade à verdade. Este é oremédio contra a corrupção. A fidelidade ao homem exige a fidelidade àverdade que é garantia da liberdade. O verdadeiro humanismo é aberto aDeus, à ordem natural, ao bem comum. A exploração, a exclusão, ailegalidade, as desigualdades sociais vem da perda de valores, dorelativismo, da ausência de Deus. Fechados a estes valores estamos semrespiro e inventamos um “humanismo desumano”. Somos prisioneiros damoda. Não pode haver desenvolvimento pleno, nem bem comum sem o bemespiritual e moral. A razão é purificada pela fé e a religião épurificada pela razão para que encontremos o autêntico rosto humano. Averdade promove a “civilização da economia” que consiste em ir além dolucro.