Estreou recentemente na Netflix uma série chamada Stranger Things. A série é, provavelmente, uma das mais comentadas do momento – já que a próxima temporada de Game of Thrones será só ano que vem. A história gira em torno do desaparecimento de um garoto que sumiu sem deixar vestígios, e de uma serie de eventos estranhos que surgem depois desse desaparecimento. A série conta com uma grande quantidade de referências a elementos muito populares nos anos 80, como filmes, os livros de J.R.R. Tolkien e jogos de RPG.
Assim como a série se utilizou de referências dos anos 80 para ser construída, eu me utilizei de uma referência da série para escrever esse texto… Um dos elementos abordados por ela, seria a presença de um Vale das Sombras. Um lugar sinistro, perigoso, frio e envolto em escuridão, lar de criaturas que capturam seres humanos como se fossem Pokémons. Em um dos episódios, a explicação dada para o vale, é que ele seria uma dimensão que é um reflexo sombrio, ou eco de nosso mundo. É um lugar de decadência e morte. Um plano fora de fase. Um lugar de monstros. Está bem ao seu lado e você não pode ver.
Adão (o primeiro homem) ao pecar, se esconde nas sombras de uma árvore, rejeita o vale florido e vívido que Deus havia lhe dado, chamado Éden, e toma como lar um vale de sombras, um lugar de decadência e morte, de onde ele não poderia se salvar sozinho. A diferença, no caso do pecado, é que foram os nossos próprios pés que nos levaram para as trevas, e são as nossas próprias escolhas que nos transformam nos monstros que vivem na escuridão.
Se é verdade (como de fato é) que um homem pode sentir uma estranha felicidade ao esfolar um gato, então podemos fazer apenas uma dessas duas deduções: ou devemos negar a existência de Deus, como fazem todos os ateus, ou devemos negar a presente união entre Deus e esse homem, como todos os cristãos fazem [¹]. A isso damos o nome de Pecado, porque não poderia o homem ser capaz de coisas tão ruins, se foi criado à imagem e semelhança de um Deus tão bom. A verdade é que essa imagem a gente nunca perde – é uma marca que não pode ser removida -, mas, a semelhança, o pecado distorce, faz borrar.
O pecado é uma estrada que nos leva a um mundo de trevas; põe, sobre nossa visão, uma lente trincada que nos impede de enxergar a direção correta. Ele é como uma serpente, que muitas vezes está ao nosso lado pronta para dar o bote, sem que nós sejamos capazes de percebê-la. C.S.Lewis diz que “o caminho mais rápido para o inferno é aquele que é gradual: um leve declive, um caminho suave, sem curvas abruptas, sem marcações e sem placas”.
E eis que, quando tudo era vazio, o Amor veio nos visitar. Vazio, não porque estávamos carentes, mas porque estávamos perdidos. Perdidos e sem esperança. O povo, que andava nas trevas, viu uma grande luz. Uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria [²]. Essa Luz é o Cristo. Não existe escuridão, nem coração humano algum que não possa ser visitado por essa luz; não existe alma alguma que, ao ser alcançada, não queira cantar os seus louvores, e voltar mais uma vez àquele lindo Jardim, onde outrora conversava-se com Deus, como se conversa com um amigo sobre a última série da Netflix.
Referências:
[¹] Chesterton
[²] Isaías 9, 1
Você acabou msm de usar uma serie para chamar a atenção das pessoas a um artigo sem sentido? Que coisa mais tosca
Fantástico!