Alguns meses antes das minhas promessas definitivas a Deus no Carisma Shalom, como Comunidade de Aliança, vivi um grande dilema.
Sabe o que é você procurar aquela fé dentro de si, que antes era tão fervorosa, e não encontrar? Parecia que nada mais na vocação fazia sentido. Eu ia pra capela do Shalom em busca de alguma resposta e chorava porque até o meu amigo Jesus, que sempre fui tão próxima e íntima, não conseguia mais reconhecer.
“Quem você é?”
“Como direi um sim – para sempre – com essas incertezas?”
“Tudo que vivi para trás foi em vão?” questionava.
Até então a resposta era apenas silêncio.
Obra de esvaziar de mim mesma
Todas as motivações haviam ido embora. Não tinha ficado absolutamente nada. É tanto, que na época, nem roupa pra missa (aquela que seria a mais importante no meu caminho vocacional) comprei ou mandei fazer. “Vou com o vestido que tiver” pensei. Foi uma obra de esvaziamento interior e exterior. Não era a roupa, o cabelo, a maquiagem. Muito menos a empolgação, o impulso, o desejo.
Eu precisava fazer uma escolha independente dos sentimentos, das pessoas ou qualquer outra motivação. Tudo isso um dia passa.
Foi o que aconteceu comigo. Passou. Mas sabe aquele Jesus Eucarístico que inúmeras vezes me deu um silêncio como resposta? Ele permaneceu comigo. Mesmo em meio às minhas incredulidades, Cristo estava lá com o seu amor para me acolher quantas vezes fossem necessárias. A cada encontro eu era envolvida por aquele olhar atento e acolhedor.
Não houve julgamento, encontrei misericórdia.
Às vezes nosso Senhor até “se esconde”, silencia, nos deixa caminhando “sozinhos” para que a nossa decisão seja uma decisão NOSSA, partindo da nossa vontade, na nossa LIBERDADE. Ele nunca vai nos obrigar a nada.
Lembro que, no dia 25 de abril de 2019, dia das minhas promessas definitivas, entrei na Catedral de Mossoró com os olhos fixos em Cristo na cruz. Eu só olhava a cruz, não via nada, nem ninguém, só Jesus. Escolhi livremente permanecer. Foi uma decisão minha.,
O choque em ser uma testemunha da ressurreição
Ali eu vivi o choque da ressurreição! Assim como Tomé, eu também duvidei. “Se eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se não puser meu dedo no lugar dos cravos e minha mão no lado não crerei”. Jesus estava lá de braços abertos para me receber. “Põe teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende tua mão e põe-na no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê!”
Recordo que aquela procissão de entrada se tornou a minha profissão de fé. “Meu Senhor e meu Deus” repetia várias vezes no pensamento enquanto entrava. Eu tinha pensado em desistir Dele, da minha vocação, mas ele nunca desistiu de mim. O Senhor sempre irá lá no mar onde a gente resolveu voltar, como fez com Pedro, por exemplo, para nos chamar novamente. “Tu me amas mais do que a estes?”
Para sempre, Shalom!
Eis a minha resposta:
“Diante do Senhor e dos meus irmãos, eu, Juciely Morais, de livre e espontânea vontade, prometo, para sempre, viver como Comunidade de Aliança segundo os estatutos da Comunidade Católica Shalom”.
Poderia finalizar o texto por aqui. Mas antes venho falar para você que está enfrentando um tempo de prova ou crise de fé que fixe o seu olhar em Cristo. Só ele tem as respostas que o seu coração procura. Na verdade, Ele é A resposta.
“Pois aquele que quiser salvar a sua vida, a perderá, mas o que perder a sua vida por causa de mim, a encontrará”.
Juciely Morais, filha de Deus, casada, mãe
Consagrada a Deus na Comunidade de Aliança Shalom com promessa definitivas
Setor vigário – Rio de Janeiro