“Uma criatura precisa ser amada ANTES de ser amável”. Chesterton [1], com essa frase, cita a grande lição do conto “A Bela e a Fera” [2], que os estúdios Walt Disney transformaram em um longa de animação com luz, cor e muita, muita música. Quem não se lembra de “Sentimentos são fáceis de mudar…”?
Enfim, para quem não se lembra ou não conhece, a história é a seguinte: a personagem principal se chama Bela, e ela, de fato, era a mulher mais bela da vila. Um dia, ela é feita “refém” da Fera, que vivia isolada em um grande castelo. Reza a lenda local que Fera havia sido um príncipe rico, bonito, com Wi-Fi e conta da Netflix em casa, mas que, apesar de tudo, era extremamente egoísta e mimado. Como nem tudo são flores, nem na vida nem no conto de fadas, o Príncipe se transformou, devido à magia de uma feiticeira, em uma fera monstruosa, amargurada, sem conta de streaming e com uma internet 3G horrorosa. Esse feitiço só seria desfeito se o príncipe aprendesse a amar alguém e fosse retribuído, senão ele estaria condenado a ser Fera para sempre.
No decorrer da história, a Bela começa a amar a Fera, quebrando a maldição da feiticeira, o que faz com que a fera se torne príncipe novamente. O que transforma a Fera da nossa querida história é o Amor verdadeiro, o fato de ter sido amada de verdade. Ao começar a amar, a Fera sai de sua zona egoísta de conforto, e começa a enxergar o mundo e as pessoas ao seu redor. Olha, a Bela já estava apaixonada pela Fera, sendo a Fera príncipe ou não, e a Fera foi aprendendo a amar antes de aprender a ser príncipe de novo. Esse tipo de Amor se assemelha a uma das muitas formas como Deus nos ama. Deus nos ama com um amor incondicional, ou seja, que não depende de condições e que não impõe condições. Deus nos amou antes de sermos amáveis, antes de apresentarmos qualquer beleza, qualquer qualidade, amou-nos enquanto ainda éramos feras, monstros, e nos amou não porque tínhamos algo a acrescentar, mas porque precisávamos ser amados. Deus, com seu amor, visita a qualidade mais íntima do nosso ser, resgata com seu amor a nossa dignidade, dá-nos uma verdadeira esperança: Ele mesmo.
Na obra “Tocando em Frente”, o autor nos diz: “E cada ser em si carrega o dom de ser capaz de ser feliz” [3]. Por ter sobre si a graça de ser amado por Deus, o homem é capaz de ser feliz; por ser amado, o homem é capaz também de amar, e isso é o que o torna mais homem e menos fera. O que o torna mais feliz é se perceber amado por esse Amor, o Amor de Deus, que muitas vezes se revela através do amor imperfeito e condicional dos homens. Ao ser amado por esse Amor, Feras se tornam homens que amam como homens e são capazes de, pelo amor, transformar feras.
[1] G. K. Chesterton (1874 – 1936)
[2] Gabrielle-Suzanne Barbot. 1740
[3] Almir Sater. Tocando em Frente.
Marcos Nunes
Ótimo texto… Chesterton, Poesia Brasileira e Disney. Só quem tem uma experiencia pode olhar tudo isso como quem ressuscitou de verdade!
Caracaaaa que massa! Adorei Markinhooos! ??????
O Amor nos encontrou, nos seduziu e nada mais teve valor diante dos nossos olhos e atraídos por este Amor nós também queremos que outros O conheçam e deixem de ser feras. Valeu Marcos! Bom demais!
Se garantiu,muito bom, Rj é só sucesso