Sinto um perfume. É mirra…
As palavras dos discípulos relembro: “a troco de que todo esse desperdício?”. Mas agora não são apenas os Teus pés a serem banhados. O sangue Te envolve inteiro.
Todos se voltam contra Ti e desviam de Tua face o olhar. ‘Não há mais beleza que atraia’. Também eu instintivamente o faço. E ecoa dentro de mim: “serei eu? Serei eu que irei mais uma vez traí-lo?”. Caio com o rosto por terra, em profunda dor. De repente vejo-Te também caído. Compreendo que o Teu corpo flagelado deveria ser o meu.
Em mim vejo o pecado. Em Ti a pena. Começo enfim a conhecer Teu verdadeiro rosto: desfigurado pela dor, transfigurado pelo amor! Quero enxugá-lo e Te consolar. Quero carregar Tua Cruz Contigo e Te amparar.
Então, Te lançam violentamente no chão para Te crucificar. E enquanto acolhes as chagas que eram minhas ecoa dentro de mim a Palavra: ” esta sim é osso de meus ossos e carne da minha carne”.
Tu Te ornaste para as núpcias: tens diadema, tens perfume, tens anel. Coroa de espinhos, sangue e cravos.
Me despertas com o grito: “Tenho sede!”. Grito que rasga as minhas entranhas de dor.
Em silêncio procuro com o que Te saciar…
“Se soubesses quem é que Te pede… tu mesma lhe pedirias”. Agora compreendo. Tudo de que o Esposo tem sede é de escutar o “sim” e unir a esposa a Si.
“Dá-me de beber! Une-me a Ti!”, eu Te suplico.
Tu me olhas: “Tudo está consumado!”
E deixando-Te tocar pela morte Tu me beijas ao entregar Tua Vida!
Thalita Lima – Consagrada da Comunidade de Vida