Sempre fui pequeno barco sem capitão. Às vezes me parecia nem leme ter. Era guiado à vontade da maré.
Às vezes havia outros barcos, também sem capitão e sem leme. Todos sempre na mesma direção. Logo não estava só, logo não me sentia só, e eu achava estar indo para o porto correto. Guia eu não tinha, mas a maré haveria de bem me levar a algum porto que servisse.
Nas idas e vindas da maré, em uma noite agitada de muitas ondas, fui atingido por uma das grandes, chamada Amor, que me empurrou para um porto chamado Misericórdia.
Tu, amigável pescador, se apresentou e pediu para subir a bordo. Não tive como negar. Apesar de eu, pequeno barco, não achar que aquela confusão de quinquilharia que ali jogara ao longo do tempo, daria espaço para alguém.
Tu tomastes o leme com certa familiaridade que me assustei, e logo me guiastes contra a maré. Estranhei ser assim guiado pelo caminho que todos não vão. Estranhei ter que bater de frente com grandes ondas e ir onde ninguém parece ir. Estranhei… E talvez estranhe sempre. Talvez estranhe sempre saber que não estou no controle do meu próprio leme, aquele que, na verdade, nunca controlei. Talvez eu estranhe sempre ter um sentido a seguir, difícil, mas que surpreendentemente me faz feliz.
Mas o Grande Capitão deste pequeno barco, és Tu, e eu Te peço: guia-me Capitão, este pequeno barco não sabe bem usar seu leme só. Guia-me, e usa Tua força para quando o leme travar. Guia-me e me repara quando eu quebrar. Guia-me, pois este pequeno barco sabe navegar, somente. O caminho quem sabe és Tu, que és capitão, e não eu, que pequeno barco sempre fui.
Por Jonas Fernandes
Discípulo na Comunidade de Aliança
Missão de Natal