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Valor da concepção virginal de Jesus

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Do Livro: "A VIRGEM MARIA" – 58 CATEQUESES DO PAPA JOÃO PAULO II

No seu desígnio salvífico Deus quis que o Filho unigênito nascesse de uma Virgem. Tal decisão divina postula uma relação profunda entre a Virgindade de Maria e a Encarnação do Verbo. "O olhar da fé pode descobrir, tendo em mente o conjunto da Revelação, as razões misteriosas pelas quais Deus, no seu desígnio salvífico quis que seu Filho nascesse de uma Virgem. Estas razões tocam tanto a pessoa e a missão redentora de Cristo quanto o acolhimento desta missão por Maria em favor de todos os homens" (Catecismo da Igreja Católica, n. 502).

A concepção virginal, excluindo uma paternidade humana, afirma que o único pai de Jesus é o Pai celeste e que na geração temporal do Filho se reflete a geração eterna: o Pai, que tinha gerado o Filho na eternidade, gera-O também no tempo como homem.

A narração da Anunciação põe em relevo o estado de "Filho de Deus", apôs a intervenção divina na concepção. "O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a Sua sombra. Por isso mesmo é que o Santo que vai nascer há de chamar-Se Filho de Deus" (Lc. 1,35). Aquele que nasce de Maria é já, em virtude da geração eterna, Filho de Deus; a sua geração virginal, operada por intervenção do Altíssimo, manifesta que, também na sua humanidade, Ele é o Filho de Deus.

A revelação da geração eterna na geração virginal é sugerida também pelas expressões contidas no Prólogo do Evangelho de João, que põem em relação a manifestação do Deus invisível, por obra do "unigênito que esta no seio do Pai" (1,18), com a sua vinda na carne: "E o Verbo fez-Se Homem e habitou entre nós, e nós vimos a Sua glória, glória que Lhe vem do Pai, como Filho único cheio de graça e de verdade" (1,14). Narrando a geração de Jesus, Lucas e Mateus afirmam também o papel do Espírito Santo. Este não é o pai do Menino: Jesus é Filho unicamente do eterno Pai (cf. lc. 1,32.35) que, por meio do Espírito, opera no mundo e gera o Verbo na natureza humana.

Com efeito, na Anunciação o anjo chama ao Espírito "força do Altíssimo" (Lc. 1,35), em sintonia com o Antigo Testamento que o apresenta como a divina energia operante na existência humana, tornando-a capaz de ações maravilhosas. Ao manifestar-se no grau supremo no mistério da Encarnação, esta força, que na vida trinitária de Deus é Amor, tem a tarefa de dar o Verbo Encarnado à humanidade.

3. O Espírito Santo, em particular, é a Pessoa que comunica as riquezas divinas aos homens e lhes participa a vida de Deus. Ele, que no mistério trinitário é a unidade do Pai e do Filho, operando a geração virginal de Jesus, une a humanidade a Deus. O mistério da Encarnação põe em evidência também a incomparável grandeza da maternidade virginal de Maria: a concepção de Jesus é fruto da sua generosa cooperação na ação do Espírito de Amor, fonte de toda a fecundidade. No plano divino da salvação, a concepção virginal é, portanto, anúncio da nova criação: por obra do Espírito Santo, em Maria é gerado Aquele que será o homem novo. Como afirma o Catecismo da Igreja Católica, "Jesus é concebido pelo poder do Espírito Santo no seio da Virgem Maria, pois Ele é o Novo Adão que inaugura a nova criação" (n. 504). No mistério dessa nova criação resplandece o papel da maternidade virginal de Maria. Chamando a Cristo "Primogênito da Virgem" (Adv. Haer. 3, 16, 4), Santo Ireneu recorda que, depois de Jesus, muitos outros nascem da Virgem, no sentido que recebem a vida nova de Cristo.

"Jesus é o Filho Único de Maria. Mas a maternidade espiritual de Maria estende-se a todos os homens que Ele veio salvar: ‘Ela engendrou seu Filho, do qual Deus Se fez o Primogênito entre uma multidão de irmãos’ (Rom. 8,29), isto é, entre os fiéis, em cujo nascimento e educação Ela coopera com amor materno (LG, 63)" (Catecismo da Igreja Católica, n. 501).

4. A comunicação da vida nova é transmissão da filiação divina. Podemos aqui recordar a perspectiva aberta por João no Prólogo do seu Evangelho: Aquele que por Deus foi gerado dá aos crentes o poder de se tornarem Filhos de Deus (cf Jo. 1, 11-12). A geração virginal consente a extensão da paternidade divina: os homens tornam-se filhos adotivos de Deus, n’Aquele que é Filho da Virgem e do Pai. A contemplação do mistério da geração virginal faz-nos então intuir que Deus escolheu para o seu Filho uma Mãe Virgem, a fim de oferecer de modo mais amplo à humanidade o seu amor de Pai.

L´Osservatore Romano, n.31, 03/08/1996, pag. 8(372)


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