Formação

Violência

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 Dom Benedicto de Ulhôa Vieira

Nãohouve nesta cidade uma única pessoa que se não tenha assustado esentido atingida, ao saber da morte crudelíssima da jovemuniversitária, quase médica, Virlânea Augusta. Cabe à Polícia descobrire prender o desalmado assassino, que não só tirou a vida da jovem, mascarregou-a de peso para que seu corpo não viesse boiar na superfície doRio Grande.

Maldade?Ciúmes? Vingança? Nesta hora todos felizmente começam a compreender ovalor de uma vida humana, seja desenvolvida e sadia, como no caso dajovem universitária, seja de um novo ser que ainda não veio à luz,aguardando o momento de nascer.

Maisdistante de nós, todos acompanhamos pelo noticiário, o trágicoseqüestro de uma jovem de quinze anos por um tresloucado ex-namoradoque queria vingar-se da separação amorosa. Para os que somosultra-maduros e nos julgamos experientes, assusta-nos que a jovenzinhajá tivesse começado a namorar com doze anos! Quase teríamos a coragemde dizer que, ao invés de um namorado aos doze anos, deveria brincarainda de boneca. Mas isto pensamos nós, ultrapassados, fora de moda.Hoje tudo é visto como “normal”…

Há, na vida hodierna, uma onda inaceitável de violência, com que se quer resolver pendências de amor ou pretender “brincar”de tirar a vida, como aqueles jovens riquinhos e levianos que, algumtempo atrás, puseram fogo no índio, que dormia à noite no banco dojardim. Lembram-se?

Éinaceitável num mundo, que se presume civilizado, apelar para aviolência para resolver pendências políticas, amorosas, econômicas ououtras. Não é com revólver e marretadas que se resolvem as dificuldadespolíticas, amorosas ou quaisquer outras.

Naminha convivência com os universitários em São Paulo e, mais tarde aquicom os seminaristas, saíamos à noite, algumas vezes, para levar umpequeno lanche e café aos que dormiam nas calçadas ou sob os abrigos deprédios. Era para lhes inculcar na alma – dos universitários e futurospadres – que o amor real é que constrói, não o revolver e a violência.

Aviolência crua e nua só pode trazer dor e sofrimento. Não é comrevólver e cacetadas que se constrói a vida social e se resolvem aspendências, mas com o que o Evangelho nos ensina. Até quando teremos dechorar as mortes e os crimes na nossa cidade nestes tempos? Fomoscriados para o amor, não para a violência. É só lembrar que a Escrituradefine Deus como sendo, simplesmente Amor (1ª Jo 4,8).


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