Institucional

E a vocação? Calma, vou chegar lá

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Neide(1)Desde pequena eu percebia que eu não era uma criança comum. Calma! Este não é um testemunho de uma pessoa com uma grave doença, é um testemunho vocacional. Mas é necessário essa pequena introdução sobre minha história.

Como dizia, eu era uma criança diferente, com uma imaginação fértil, que gostava de se apresentar, dançar, interpretar, ou seja, uma criança versada para as artes.

De tanto ouvir: arte não enche barriga, os artista são todos uns desocupados e diversos outros esteriótipos, resolvi que não queria mais ter esse lado artístico. Ledo engano. A arte sempre me acompanhou, mesmo quando eu não queria. Hoje eu percebo que grandes coisas na minha história são reveladas através das artes.

E a vocação? Calma, vou chegar lá. Em 2003, eu participava de uma comunidade no meu bairro. Eu era do ministério de música. Até que um dia, um pregador do Shalom foi falar sobre o amor de Deus. Já era a décima vez que eu escutava aquela pregação, mas resolvi escutar. Foi quando uma frase mudou a minha vida. No meio do seu discurso a pessoa diz: “você só será plenamente feliz no local que Deus quer que você esteja”. Aquela palavra criou uma raiz que até hoje dá frutos. Mas como sou lenta para entender a voz  de Deus, continuei na minha vida cômoda.

Foi então que num dia de domingo, fui para o meu grupo de oração como era de costume. Ao colocar o primeiro pé porta adentro, me dá um sentimento de vazio, de saudade, de incompletude, não sei explicar, uma ausência de algo que eu não sabia o que era. Acho que estou ficando louca, pensei. As coisas pioraram quando me veio uma crise de choro. Sentei à porta da sala e me derramei em lágrimas. Sem entender, eu me lembrava da palavra: “você só será feliz onde Deus quer que você esteja”. O povo passava, olhava e continuava o seu percurso. Até que uma amiga minha senta ao meu lado e sem perguntar nada, me entrega um panfleto que dizia: vocacional shalom , aberto, e uma foto de um tau. Eu não sabia o que era vocacional, muito menos o aberto. Mas o tau me chamou muita atenção.

Resolvi ir para esse vocacional aberto, mas com o coração fechado, pois eu pensava: porque mudar de comunidade? eu já sou da Igreja, já sirvo a Deus… Mas eu tinha uma concepção errada de doação de vida, eu achava  que eu tinha muitas coisas para dar na comunidade, e achava que ela iria perder, caso eu saísse. Mas naquele momento era Deus quem queria me dar, gratuitamente, uma vocação.

O local onde  se deu o vocacional é bem sugestivo, foi em um teatro, aqui em Fortaleza. E mais uma vez a arte na minha história. Quando eu cheguei lá, achei tudo muito diferente: o povo diferente, as músicas diferentes, as palmas e até o jeito de rezar eram diferentes.

E quando acabou eu disse: não volto mais aqui! Que nada! Eu contava os dias para o próximo vocacional e assim estou até hoje. Faz 10 anos que faço parte da comunidade shalom, sou do projeto artes e muito feliz, servindo a Deus no que Ele me chamou a ser. Hoje não me vejo em outro lugar. Todos os dias eu tenho a experiência de que não sou eu que posso dar grandes coisas a Deus, mas é Ele, que em sua grande generosidade, se dá a mim diariamente e me deu essa belíssima vocação.

 

Shalom
Maria Neide


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