Vivenciamos o “Ano Sacerdotal” numa oportunidade especial para que cadapresbítero renove seu propósito interior assumido no dia de suaordenação sacerdotal. Nas intenções do papa Bento XVI, o alvo a seratingido é aquele vivido pelo patrono dos padres, São João MariaVianney, o Cura d’Ars, na disponibilidade e entrega total de si mesmo.
Avida sacerdotal teve um íter diversificado nos vários momentos dahistória. Podemos destacar os inícios da Igreja, a Idade Média e ostempos modernos. No primeiro caso, o ministério sacerdotal era mais emsintonia com a comunidade. No segundo momento, dominava o clericalismoextremo. Na nova cultura, há uma tendência muito secularista.
Oque se observa hoje é um grande desgaste na identidade sacerdotal,tendo como atitudes os sinais de fidelidade e de mediocridade. Dentrodas críticas da cultura hodierna, que observa um lado obscuro da vidaclerical, falamos de vocação e de profissão. São dois caminhos derealização humana e distintos nos seus reais objetivos.
Quem sesente realmente vocacionado para a vida sacerdotal, tê-la comoprofissão não se satisfaz. A vocação supera o simples caminhoprofissional. Ela exige mais entrega de si mesma, de dedicação, empenhoe sacrifício. O seu caráter tem mais sentido de perenidade e dimensãodefinitiva. Vocação é serviço, é ser servo de todos e é dom do Espírito.
Comodom de Deus, a vocação deve corrigir, em todos os presbíteros, osimples acento funcionalista. O padre não pode ser funcionário dosagrado, principalmente por saber que a vocação brota do coração, dasua própria identidade, que ultrapassa, em muito, uma simples profissãoou funcionalismo do altar.
O bom profissional busca suashabilidades participando daquilo que o capacita para agir. Para isto háos cursos de “qualidade total” com requinte de perfeição. A qualidadedo sacerdote vem de sua experiência de vida com Deus. Sem isto, a açãodo padre não passa de uma profissão e perde sua força missionária.
Atônica da Igreja é o Povo de Deus, de onde surgem as vocações para avida sacerdotal. Podemos dizer que a vocação nasce do povo e é colocadaa serviço desse mesmo povo. Na nova cultura, todo padre corre o riscode cair na superficialidade, na cultura da imagem, não dando maissentido aos símbolos.
A estética, a aparência e osexteriorismos, também litúrgicos, reforçam a infecundidade doministério sacerdotal. A mídia é importante, atrai multidões, encantaas pessoas, mas exalta muito o aspecto individualista do cristão. Nemsempre consegue integrar as pessoas na vida comunitária.
Aofalar de encontro pessoal com Jesus Cristo, de conversão e dediscípulos missionários, a Igreja revela sua preocupação com aidentidade dos cristãos. Não adianta dizer “Senhor, Senhor”. É precisoagir com vocação alimentada no seguimento do Mestre, com convicção epropósitos firmes.
A partir de tudo exposto, fazendo uma totalrevisão nas nossas atitudes de vocacionados, podemos dizer que o AnoSacerdotal poderá atingir os objetivos almejados. Como sacerdotes,deixaremos de ser simples profissionais, para ser imagem do CristoSacerdote na construção do Povo de Deus.
Dom Paulo Mendes Peixoto