Certa vez, a caminho de Jericó, Jesus deu exemplo de como se acolhe uma pessoa em vista da evangelização. Por ser curioso, mas de estatura baixa, Zaqueu subiu a uma árvore para ver Jesus passar. Este levantou os olhos e disse: “Zaqueu, desce depressa, pois hoje tenho de hospedar-me em tua casa” (Lc 19,5). Lucas conta que “todos murmuravam, dizendo que fora hospedar-se em casa de um pecador”. Zaqueu abriu a mão aos pobres: “Dou a metade de meus bens aos pobres”. E como era coletor de impostos, decidiu reparar alguma injustiça: “A quem defraudei, restituo quatro vezes mais” (Lc 19, 1-8).
O evangelista Marcos conta que Jesus “observava como as pessoas punham moedinhas no cofre”. Chegou uma pobre viúva e pôs dois centavos. Jesus elogiou a viúva, porque ela deu de sua indigência (Lc 12, 41-44). É o caso da maioria dos católicos brasileiros: somos um povo pobre. No entanto, acontece que muitas pessoas pobres, “dando de sua indigência”, ajudam muito.
O apóstolo Paulo (1Cor 16), sabendo que os irmãos de Jerusalém passavam necessidade, promoveu uma coleta para socorrer a comunidade de Jerusalém: “Cada um separe e deposite o que tiver conseguido poupar”. A oferta era feita durante a liturgia dominical. Como, aliás, as coletas da Igreja em vista da evangelização.
Hoje fala-se em “Igreja samaritana”. Assim como o bom samaritano não passou pelo homem ferido e abandonado à beira da estrada, os discípulos de Jesus saem do seu egoísmo e lembram-se dos miseráveis e sofredores, excluídos do banquete da vida. O povo brasileiro tem por natureza um coração samaritano.
Façamos, pois, como Zaqueu, a pobre viúva e o apóstolo Paulo.
Dom Sinésio Bohn
Bispo de Santa Cruz do Sul