Abri a porta do carro como quem abre a geladeira de madrugada, cheio de desejo e de expectativa. Ao descer, vi que todos me olhavam: uns com orgulho e admiração; outros com decepção e indignação. Esse conflito interior não existia mais dentro de mim. Estava tudo certo. Era só Paz.
Sorri. Caminhei. Cumprimentei quem podia. Ergui o olhar rumo ao horizonte. De longe, mirei quem tinha me escolhido para amar de uma forma diferente. Meus passos firmes me impressionaram. Pensei que não chegaria nem no primeiro degrau de tanto tremer. No entanto, já experimentava de uma graça especial.
Na porta, tive que esperar um punhado de palavras ditas no comentário inicial. Aproveitei para contemplar a beleza do lugar e tentar reconhecer algum rosto. O lugar era lindo. Com respeito, acenavam para mim e eu sorria. Inclusive, tudo me fazia sorrir. Parecia até que a felicidade tinha resolvido escapar por esse simples gesto.
Entramos. Sim, não estava só. Havia mais jovens comigo. Eles e elas também foram escolhidos, atraídos, conquistados, arrastados, no, para, de e com amor. Ao caminhar até o lugar em que tudo se consumaria, não tive como não me lembrar da jornada trilhada até aquele dia. Recordei todas as vezes que senti o desejo de dar o passo, mas tive medo. Emocionei-me ao fazer memória do dia da decisão.
Escolhi, como Maria de Betânia, derramar o melhor perfume aos pés de Jesus. Minha vida toda doada a Ele e ao Reino. “Que desperdício”, pensam alguns. Mas só me contento em amar o Senhor assim: completamente, perdidamente, apaixonadamente. Eu sou um coração marcado pelo amor do Amado.
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