Formação

A interpretação das escrituras segundo a Igreja

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Por Sociedade de Evangelistas Papa João Paulo II

 

A Igreja já definiu oficialmente a interpretação paradiversas passagens da Escritura, mas a maioria das pessoas, católicas ou não,não se apercebem disso. Dentre as que o fazem, até mesmo um Católico beminformado não costuma ser capaz de dizer que passagens foram autoritativamenteinterpretadas ou quais foram tais interpretações.

 

O que se segue é uma série de interpretações autoritativasque a Igreja faz da Escritura, retiradas da obra de Heinrich Denzinger, Fontesdo Dogma Católico, nºs 789, 858, 874, 913, 926, 949, 1822. Deve-se ter em menteque a palavra “anátema” não quer dizer “condenado ao inferno”, e sim“formalmente excomungado”, e é usada em afirmações explícitas do que a Igrejarejeita mais veementemente. Deve-se também lembrar que as interpretaçõesautoritativas dessas passagens não excluem a possibilidade de interpretaçõesadicionais e não-contraditórias. Significa somente que os trechos em referênciacertamente carregam os significados definidos. Alguns perguntam, também, porquea Igreja não define formalmente o significado e interpretação de cada linha daEscritura. A Igreja ensina o necessário para que compreendamos– ela diz o queprecisa ser dito, nem uma palavra a mais do que o necessário. Da mesma forma queé necessária uma eternidade para perscrutar os profundos mistérios de Deus,também seria preciso uma eternidade para perscrutar os mistérios de SuaPalavra. Essas passagens foram definidas contra heresias perniciosas. Todaheresia é originada em uma interpretação errônea de alguma dessas passagens oude combinação delas.

 

Rom 5,12 – Concílio de Trento, 17 de junho de 1546, “Decretosobre o Pecado Original”, seção 2

 

Se alguém afirmar que o pecado de Adão prejudicou apenas aele mesmo e não à sua descendência; que a santidade e justiça, recebidas deDeus, que ele perdeu, as perdeu para si mesmo e não também para nós; ou que,tendo sido marcado com a culpa de sua desobediência, apenas repassou a morte epenas corporais a todo gênero humano e não o pecado, que é a morte da alma, queseja anátema, pois contradiz ao Apóstolo que disse: Por isso, como por um sóhomem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou atodo o gênero humano, porque todos pecaram [Rom 5,12]

 

Jo 3,5 – Concílio de Trento, 3 de março de 1547, “Cânonessobre o Sacramento do Batismo”, cânon 2

 

Se alguém disser que a água verdadeira e natural não énecessária para o sacramento do Batismo, e por este motivo distorcer em algumsentido metafórico aquelas palavras de nosso Senhor Jesus Cristo: "quemnão renascer pela água e pelo Espírito Santo” [Jo 3,5], seja anátema.

 

Mt 26,26ss; Mc 14,22, Lc 22,19ss; 1Cor 11,23ss – Concílio deTrento, 11 de outubro de 1551, “A Real Presença de Nosso Senhor Jesus Cristo noSantíssimo Sacramento da Eucaristia”, capítulo 1

Em primeiro lugar, ensina o Santo Concílio, claramente, esinceramente confessa que depois da consagração do pão e do vinho, fica contidono saudável sacramento da Santa Eucaristia, verdadeira, real e substancialmentenosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e Homem, sob as espécies daquelesmateriais sensíveis, pois não existe com efeito, incompatibilidade que o mesmoCristo nosso Salvador esteja sempre sentado, no Céu, à direita do Pai, segundoo modo natural de existir e que ao mesmo tempo nos assista sacramentalmente comSua presença, e em sua própria substância em outros lugares, com existência queainda que apenas o possamos expressar com palavras, poderemos, não obstante,alcançar com nosso pensamento ilustrado pela fé, que é possível a Deus, e devemosfirmemente acreditar.

 

Assim pois, professaram clarissimamente todos os nossosantepassados que viveram a verdadeira Igreja de Cristo, e trataram destesantíssimo e admirável Sacramento, a saber: que nosso Redentor o instituiu naúltima ceia, quando depois de ter benzido o pão e o vinho, atestou a seusApóstolos, com claras e enérgicas palavras que lhes dava Seu próprio Corpo eSeu próprio Sangue. E sendo fato consumado que as ditas palavras mencionadaspelos mesmos Santos Evangelistas [Mt. 26, 26 ss; Mc. 14, 22 ss; Lc. 22, 19 s] erepetidas depois pelo Apóstolo São Paulo [1 Cor. 11, 23 ss], incluem em simesmas aquele próprio e patentíssimo significado, segundo as entenderam ossantos Padres, é sem dúvida execrável a maldade com que certos homens pretensiosose corruptos as distorcem, violentam e tentam explicar em sentido figurado,fictício ou imaginário, negando a realidade da Carne e Sangue de Jesus Cristocontra a inteligência unânime da Igreja, que sendo coluna e apoio da Verdade[1Tim. 3, 15], sempre detestou por serem diabólicas estas ficções expressas porhomens ímpios e sempre conservou indelével a memória e gratidão deste tãosobressalente benefício que nos fez Jesus Cristo.

 

Jo 20,22ss – Concílio de Trento, 25 de outubro de 1551,“Cânones sobre o Sacramento da Penitência” – Cânon 3

 

Se alguém disser que aquelas palavras de nosso Senhor eSalvador: "Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados,ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos"[Jo 20,22ss], não devem entender-se como poder de perdoar ou não perdoaros pecados no Sacramento da Penitência, como o é entendido desde o princípiopela Igreja Católica, e em vez disso as distorça e as entenda (contra ainstituição deste Sacramento), simplesmente como uma autoridade de pregar oEvangelho, seja anátema.

 

Tiago 5,14 – Concílio de Trento, 25 de outubro de 1551,“Cânones sobre a Unção dos Enfermos”, Cânon 1

Se alguém disser que a Unção dos Enfermos não é verdadeira epropriamente um sacramento instituído por Cristo Nosso Senhor [cf Mc 6,13], epromulgado pelo bem-aventurado apóstolo São Tiago [Tg 5,14], senão que apenas éuma cerimônia feita pelos Padres, ou uma ficção dos homens, seja anátema.

 

Lc 22,19, 1Cor 11,24 – Concílio de Trento, 17 de Setembro de1562, “Cânones sobre o Sacratíssimo Sacrifício da Missa”, Cânon 2

 

Se alguém disser que naquelas palavras: "Fazei isto emmemória de Mim"[Lc 22,19; 1Cor 11,24], Cristo não instituiu comosacerdotes os Apóstolos, ou que não lhes ordenou e aos demais sacerdotes queoferecessem Seu Corpo e Sangue, seja anátema.

 

Mt 16,16; Jo 21,15ss – Concílio Vaticano I, 18 de julho de1870, “A Instituição do Primado Apostólico em S. Pedro”, capítulo 1[contra hereges e cismáticos].

 

Ensinamos, pois, e declaramos, segundo o testemunho doEvangelho, que Jesus Cristo prometeu e conferiu imediata e diretamente oprimado de jurisdição sobre toda a Igreja ao Apóstolo S. Pedro. Com efeito, sóa Simão Pedro, a quem antes dissera: Chamar-te-ás Cefas [Jo 1,42], depois deter ele feito a sua profissão com as palavras: Tu és o Cristo, o Filho de Deusvivo, foi que o Senhor se dirigiu com estas solenes palavras: Bem-aventuradoés, Simão, filho de Jonas, porque nem a carne nem o sangue to revelaram, massim meu Pai que está nos céus. E eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta pedraedificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.E dar-te-ei as chaves do reino dos céus. E tudo o que ligares sobre a terraserá ligado também nos céus; e tudo o que desligares sobre a terra serádesligado também nos céus [Mt 16,16 ss]. E somente a Simão Pedro conferiuJesus, após a sua ressurreição, a jurisdição de pastor e chefe supremo de todoo seu rebanho, dizendo: Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhasovelhas [Jo 21,15 ss.]. A esta doutrina tão clara das Sagradas Escrituras, talcomo sempre foi entendida pela Igreja Católica, opõe-se abertamente assentenças perversas daqueles que, desnaturando a forma de governo estabelecidana Igreja por Cristo Nosso Senhor, negam que só Pedro foi agraciado com overdadeiro e próprio primado de jurisdição, com exclusão dos demais Apóstolos,quer tomados singularmente, quer em conjunto. Igualmentese opõem a esta doutrina os que afirmam que o mesmo primado não foi imediata ediretamente confiado a S. Pedro mesmo, mas à Igreja, e por meio desta a ele,como ministro dela.


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