O Artista divino quis, desde o princípio, revelar-Se ao homem através da beleza. Deus não quis apresentar-Se como um conteúdo doutrinal, como um conjunto de normas, porque não o é. Criando o mundo, em tudo colocou cores, formas, sons para fascinar o coração humano e para testemunhar que só nEle o homem pode encontrar a beleza que sacia todo o seu desejo.
Deus não quer nos “convencer”; quer nos conquistar, quer nos atrair. “Anunciar Cristo significa mostrar que crer n’Ele e segui-Lo não é algo apenas verdadeiro e justo, mas também belo, capaz de cumular a vida dum novo esplendor e duma alegria profunda”1.
Direto ao coração
“Eu faço arte cristã há 29 anos. O diferencial da arte na evangelização é que esta não entra no campo do convencimento racional. Através da beleza, da estética, da emoção, dos sentidos, a arte passa uma experiência de Deus que vai direto ao coração. Não encontra filtros críticos. Quando feita com genialidade, com beleza, com unção, a arte seduz a pessoa a ponto de desarmá-la.
Para públicos “vacinados” contra a fé, a arte se torna a melhor ferramenta para comunicar o Evangelho, os valores, a verdade, por esse processo de sedução, de atração”, relata Wilde Fábio, Missionário responsável pela Secretaria de Artes da Comunidade Shalom.
Arte e vocação
Por esse motivo, “para transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem necessidade da arte”2. A arte está presente na Igreja desde os seus primórdios, sendo considerada uma atividade excelente, participação ao ato criador3 e quase um “sacramento”4, sinal sagrado e sensível de uma realidade invisível.
“A experiência que eu tenho é que Aquele Deus que me conhecia, que sabia quem eu era, Ele precisava encontrar um caminho para me alcançar que não fosse o caminho do discurso lógico e racional. Porque nesse discurso Ele não me pegaria nunca. E assim Ele foi me atraindo: fazendo arte. E dentro desse fazer arte, eu fui crescendo, amadurecendo, me descobrindo como homem, como pessoa, como filho de Deus, como celibatário. E hoje eu posso dizer que a pessoa que eu sou foi construída por Deus dentro das artes, dentro do fazer artístico”, revela Wilde Fábio.
A Boa Nova transmitida
A arte na Comunidade Shalom é expressão e anúncio da experiência com Cristo, o Ressuscitado que passou pela Cruz. Para o fundador, Moysés Azevedo, o palco é “terra de missão” e, portanto, lugar de oferta de vida em vista da salvação dos homens.
Através da música, da dança, do teatro, com novo ardor e novos métodos, o mesmo Evangelho de Cristo é proclamado e muitas pessoas são alcançadas.
“Com certeza, a uma pregação, a um culto religioso podem haver pré julgamentos, críticas defensivas; mas a uma música bem tocada, bem cantada; a uma dança bem executada, a um teatro visceral profundo, é impossível a pessoa não se render. Vi a vida de tantas pessoas, sendo transformadas pelo encontro com Deus através da beleza, através das artes.
Vi pessoas tão feridas, pobres no sentido moral, social, material, que dentro do contexto da experiência com Deus e da arte cristã encontraram sentido, dignidade, crescimento humano, afetivo. A arte não é somente uma ferramenta de evangelização, mas dentro dela acontece o processo de santificação e de divinização do homem.
Para todas aos povos
Os frutos que eu colho na vida das pessoas são imensos, em vários continentes. Eu sempre me impressionei quando uma arte que foi produzida aqui no Brasil vai à França, à Alemanha, à Hungria e consegue atingir aquele homem que é tão diferente de nós, mas que em sua essência possui o mesmo anseio, o mesmo desejo. Tenho um sentimento de gratidão muito grande a Deus pela arte e à arte por Deus”, conclui o missionário.
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1Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 167.
2João Paulo II, Carta aos artistas, 12.
3Cf. idem, 1.
4Cf. Cardinal Montini, Discurso aos membros da UCAI (Unione Cattolica Artisti Italiani).
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