“O sangue que fecundou a terra”. É assim que o Pedro Ítalo, um jovem do Cariri cearense, define o testemunho de vida de Benigna Cardoso da Silva, conhecida como a Menina Benigna. Com o tradicional chapéu de palha na cabeça, o jovem fala com entusiasmo que Santana do Cariri, onde a Serva de Deus nasceu e cresceu, se tornou um local de fé e religiosidade, onde as pessoas fazem peregrinação, em especial no mês de outubro, quando acontece a romaria em homenagem a Benigna.
Na região o clima é de alegria. Isso porque o Papa autorizou o processo de beatificação da primeira beata cearense a partir do reconhecimento do seu martírio. O anúncio foi feito em audiência no Vaticano com o cardeal que é prefeito para a causa dos santos.
Testemunho de radicalidade
Benigna tem uma história de martírio. Órfã de pai e mãe, a menina era a mais nova entre os irmãos. Magra, de olhos castanhos e pele morena, era uma adolescente comum. Frequentava a escola, fazia as tarefas domésticas e era fiel às missas na igreja matriz da cidade. Mas aos 13 anos foi assassinada numa tentativa de estupro por um vizinho dois anos mais velho. Ela quis defender a castidade.
E por esse motivo foi esfaqueada e morta às 4 horas da tarde, quando foi pegar água na cacimba a poucos metros de sua casa, no Sítio Oiti, no distrito de Inhumas, onde morava com os pais adotivos.
O episódio aconteceu no dia 24 de outubro de 1941, mas é um testemunho de radicalidade para os tempos atuais. Para a estudante de psicologia, Andrine Séfora, “A castidade é perdida. Vivê-la é surreal para todo mundo”. Ela conta que na faculdade todo mundo acha estranho caminhar para o namoro, esperar o tempo de cada coisa, mas busca ser diferente para seguir a Cristo. “Não ser igual aos outros, viver a castidade na juventude é uma forma diferente de dar testemunho. É dizer que Cristo existe e eu quero me guardar porque eu quero seguir a ele. É ser radical”, complementa.
Heroína da castidade
Andrine sempre viu em Benigna um exemplo. Ela diz que conheceu a história da menina aos 11 anos, quando era coroinha, na paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Juazeiro do Norte. Lá, Benigna era considerada a “Padroeira dos Coroinhas”.
“Benigna nos mostra que é preciso amar a Deus a cima de tudo. Tantas vezes eu digo que amo, que quero ofertar minha vida, mas não sei se seria capaz de dar a vida por Jesus, derramar o meu sangue. Mas Benigna mostra que tanto é possível, como vale a pena. Eu vejo a figura dela como uma intercessora para a vivência da nossa castidade”, finaliza Pedro ítalo consagrado da Comunidade Aliança Shalom.
Como outros considerados santos populares brasileiros, Benigna tem milagres atribuídos a ela. Também chamada de “Heroína da castidade”, é inspiração para promessas e agradecimentos por graças alcançadas pela sua intercessão.
Aldeson Matos