Nem todos os nobres nascem em berço de ouro. É certo que a maioria deles herdam seus títulos reais de seus ancestrais quase na mesma proporção que o próprio DNA, todavia, há exceções, como no caso de Helena Flávia Júlia, uma imperatriz que nem sempre viveu em meio à aristocracia romana.
Na verdade, Helena teve uma origem bastante humilde, pois pertencia a uma família plebeia e pagã. Nasceu no século III, provavelmente em uma região onde hoje se encontra a Turquia, na cidade de Depramin, que depois passou a ser chamada de Helenópolis, em sua honra.
Ela trabalhava como encarregada dos estábulos da cidade, até que conheceu o oficial romano Constâncio Cloro, que se encantou pela sua delicadeza e propôs-lhe casamento, mesmo que pertencessem a classes sociais tão diferentes.
Constâncio levou sua esposa para morar na região dos Balcãs e no ano de 280, o primeiro filho do novo casal nasceu. Ele foi chamado de Constantino. Helena não podia herdar o título de nobreza de seu marido, porém, isso não foi motivo para seu casamento ser menos feliz, até que, tendo recebido o título de César, Constâncio foi obrigado pelos imperadores Diocleciano e Maximiano a se divorciar de Helena no ano de 293, que continuava sendo uma plebeia, a fim de se adequar ao regime político da Tetrarquia.
Helena foi afastada do marido e do filho e, resignada, passou a acompanhar à distância a ascensão de Constâncio até chegar a chefe do império, em 295. Porém, em um combate na Grã-Bretanha, ele foi assassinado e Constantino assumiu o lugar de seu pai quase que imediatamente, por aclamação do exército que lá se encontrava. Sua primeira ordem foi mandar chamar sua mãe e condecorá-la com o título de Augusta Imperatriz.
Helena passou a morar com o filho, tendo livre acesso às riquezas do império, todavia, seu espírito humilde não deixou que se deslumbrasse com os luxos que lhe circundavam. Assim, a imperatriz aproveitava o acesso que tinha ao dinheiro do Império Romano para ajudar os pobres, os enfermos e os prisioneiros de seu reino.
Ela se converteu ao catolicismo já adulta, mas era portadora de uma fé admirável, inclusive, influenciou fortemente na conversão do seu filho, o Imperador Constantino, o que desembocou na publicação do Edito de Milão, em 313, ordem que declarou a liberdade de culto aos cristãos, após quase três séculos de perseguições romanas.
Helena frequentava as missas com roupas discretas, para não ser reconhecida como Imperatriz, e costumava distribuir alimentos aos famintos após as celebrações.
Quando estava com 78 anos, Helena peregrinou para a Terra Santa, em penitência pela remissão dos pecados Constantino, que havia mandado matar o próprio filho, por suspeitas de conspiração contra seu governo. Nessa ocasião, mandou construir as Basílicas da Natividade e da Ascensão, o que inspirou seu filho a construir a Basílica da Ressurreição.
Na mesma época, foram descobertos no Gólgota a Cruz e os cravos de Jesus. Helena entregou esses cravos para Constantino, sendo que um deles foi incrustado em sua coroa, que se encontra hoje na Catedral de Monza, na Itália. O cravo tornou-se símbolo de que todos os soberanos desta terra deveriam se curvar à vontade de Deus. As outras relíquias permanecem até hoje na Basílica de Santa Cruz de Jerusalém. A Festa da Exaltação da Santa Cruz é realizada no dia 14 de Setembro justamente por ser a data em que essa relíquia foi encontrada por Santa Helena.
Helena morreu dois anos depois, aos oitenta anos. Seu culto foi difundido tanto na Igreja do Oriente como na do Ocidente. Ela teve uma vida longa, sempre dedicada ao serviço humilde e amoroso aos mais necessitados.
Com sua bondade e fineza de espírito, Santa Helena demonstrou que sua nobreza realmente não vinha dos títulos deste mundo, mas pela crescente semelhança de seu coração com o Coração Misericordioso de Jesus, aberto ao mundo quando estava pregado na Cruz, que Santa Helena encontrou não apenas em forma de relíquia, mas concretamente na forma da verdadeira caridade cristã.
Santa Helena, rogai por nós!
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Olá! Gostaria de saber se vocês possuem alguma indicação de leitura mais aprofundada sobre Santa Helena? Agradeço desde já.
Olá, Gláucia! Infelizmente não temos!
Shalom!