Sabemos que a vida é passageira e dela não levamos nada. Se trabalhamos muito ou pouco, se acumulamos muito ou pouco, no final das contas isso não vai importar tanto, mas o quanto fomos sábios em vida para desfrutar do esforço do trabalho e como empregamos nossos dons e talentos para a santificação do mundo.
Nesta jornada da vida profissional e cristã, a busca pelo equilíbrio se revela fundamental. Não podemos nos entregar a uma existência sem sentido, vivendo sem responsabilidade, sem um digno esforço, e nem ao menos sucumbir ao extremo oposto, mergulhando em uma jornada de trabalho incessante, na busca desordenada por prazeres e riquezas vãs.
Hoje, escrevendo sobre este assunto, devo confessar que em 2016, eu não tinha a sabedoria que tenho hoje. Minha vida não tinha harmonia. Eu ganhava um bom salário, não tinha bons propósitos e meu dinheiro ia todo para pagar contas.
A verdade é que eu era irresponsável com meu dinheiro, era uma má administradora e, ainda por cima, emprestava meus bens sem muitos critérios para diversas pessoas, além do mais, vivia num padrão de vida maior do que deveria.
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Neste ciclo vicioso, cheguei a um ponto em que não via quantia alguma do meu salário, e consequentemente, não conseguia aproveitar nada. Foi então que uma tristeza profunda e uma falta de sentido tomou conta de mim.
A mudança essencial da minha vida se deu quando rezei com alguns versículos de Eclesiastes 2, que compartilho aqui: “O único bem do homem é comer e beber e desfrutar do produto do seu trabalho, e mesmo isso eu vi que é dom de Deus. Pois, quem come e desfruta sem a permissão Dele? Ao homem que lhe agrada Ele dá sabedoria, ciência e alegria; ao pecador Ele dá como tarefa juntas e acumular, para o dar àquele que agrada a Deus”. Ecl, 2, 24-26.
A partir desta oração, concluí que na vida temos duas opções: trabalhar e desfrutar do trabalho com quem amamos ou trabalhar para que outros desfrutem. E evidentemente, percebi que a minha tristeza era devido a falta de colheita, afinal, eu plantava para outros colherem. Eu não estava desfrutando do esforço do meu trabalho.
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A grande transformação, então, foi romper com toda uma mentalidade errada acerca do dinheiro e do trabalho, e usar a inteligência para empreender em um trabalho que me desse um retorno merecido em todas as dimensões. Passei por uma transição de carreira, encontrei um novo sentido empreendendo e parei de trabalhar por dinheiro apenas. Hoje eu trabalho por uma causa. Trabalho pelos meus futuros filhos, pela família que quero construir. Trabalho para contribuir com a santificação do mundo, para exercício das virtudes cristãs.
E devo deixar claro que, esse olhar atual para o trabalho não é uma mera romantização dele, e muito menos exige pouco esforço. Ao contrário, apesar do novo sentido envolvido, o trabalho implica sacrifício e renúncia. O apelo de São Paulo em 2 Tessalonicenses 3, ressoa em meu coração: Devemos imitar a ordem e a diligência, trabalhando para não sermos um peso para os outros. A mensagem é clara: “Quem se nega a trabalhar, não coma.” 2 Tes 3,10.
O trabalho na vida de um cristão é caminho de e para a felicidade. É via de santidade. Em síntese, a jornada rumo ao equilíbrio entre trabalho e vida se traduz numa busca constante pela sabedoria. Trabalhar com propósito e alegria, compartilhar os frutos do esforço e imitar valores que enriquecem a vida são as chaves para uma existência plena e significativa.
São Paulo diz ainda em 2 Tessalonicenses 3, que não devemos nos cansar de fazer o bem. Se o trabalho é dom de Deus para santificar o mundo e dar testemunho de Jesus Cristo, tudo deve ser motivo de louvor e alegria, desde o árduo plantio até a satisfatória colheita.
Que o Senhor nos dê sempre a justa medida em nossa vida profissional. Shalom!