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Padre Ticiano Cavalcante: Eu e o Pai somos um

O mais importante de tudo isso é ter uma vida em Deus, uma vida de oração firmada na vontade dEle, naquilo que Ele mesmo deseja para nós.

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Especial Sacerdócio Shalom

Me chamo Ticiano Silva Cavalcante, tenho 33 anos, entrei na Comunidade Católica Shalom no ano de 2006, aos 19 anos. No entanto, tive a minha experiência com o Amor de Deus aos 15 anos de idade, em 2002, na minha cidade natal (Sobral — CE), em um Seminário de Vida no Espírito Santo.

Desde então, fui vivendo uma proximidade com Ele e um encantamento com a forma de vida dos missionários da Comunidade. Fui percebendo o meu chamado mesmo muito novo, aos 15 anos de idade. Aos 19 anos, depois de ter feito Vocacional, enviei carta para ir em missão como Comunidade de Vida e fui em missão para Aracaju (SE), onde vivi o meu postulantado e o início da minha caminhada nessa forma de vida.

Morei em Aracaju, depois fui para o discipulado de Quixadá, retornei para Sergipe, dessa vez na cidade de Própria, onde me consagrei. Aos 22 anos ingressei no seminário e desde então, estou aqui nessa caminhada.

Os sinais que Deus me deu

Falar um pouco dos sinais que Deus me deu durante este tempo, é também falar da minha vida. Como eu costumo sempre dizer, falar de sinais é sempre remeter à passagem bíblica dos discípulos de Emaús, quando diz que Jesus explicava as Escrituras ao longo do caminho – e isso lhes ardia o coração. Eu sempre tomo essa palavra para explicar sobre a dimensão do discernimento do Estado de Vida, porque não é algo mágico -, mas que podemos ler na nossa história e que podemos ver a partir do que Deus vai construindo ao longo da nossa vida.

Para mim não foi diferente – ao longo da minha história, eu pude ver os sinais de Deus. Fazendo o “Tecendo o Fio de Ouro”, (itinerário de autoconhecimento e de cura interior proposto pela Comunidade), pude fazer memória dos meus momentos de criança, quando muitas vezes, depois da celebração eucarística que frequentava com minha mãe e com a minha avó (responsáveis por me ensinar os caminhos da fé), chegava em casa e de brincadeira, “celebrava” novamente a Missa.

A minha irmã cuidava dos cânticos, e na hora da comunhão, inocentemente, cortávamos rodelas de banana, então eu distribuía. Era uma brincadeira sadia de criança, algo simplório, mas que marcou a minha vida, assim como os momentos de oração e de formação já dentro da Comunidade, posteriormente, momentos esses que foram me iluminando. Costumo dizer que os discernimentos são feitos entre as três instâncias – Deus, a Comunidade e eu, então nós fomos trilhando este caminho, que foi se concretizando na minha vida.

Tocar no coração do povo

Nestes anos de seminário aconteceram muitas graças e também muitos desafios. Dormir sempre tarde, acordar muito cedo – antes de todo mundo -, estudar e conciliar a vida apostólica com os estudos dentro da Comunidade é um grande desafio, mas que foi superado. Sobretudo, o maior desafio era sair da vida ordinária como Comunidade de Vida Shalom. Ir para a aula pela manhã, rezar à tarde, mesmo com sono, sempre foi desafiador.

As graças, no entanto, são imensas, inúmeras. Mesmo na nossa vida corrida, é uma graça poder tocar no coração do povo, daqueles que o Nosso Senhor nos confia. O mais importante de tudo isso é ter uma vida em Deus, uma vida de oração firmada na vontade dEle, naquilo que Ele mesmo deseja para nós. Neste tempo, encontrei na vida comunitária a minha “Betânia”, o meu descanso, o meu “socorro” que foram os irmãos. Ali pude dar passos rumo à vontade de Deus.

Fui ordenado Diácono no dia 21 de dezembro de 2018 e no dia 2 de janeiro de 2019, soube que iria vir para a Casa de Formação (discipulado) da Comunidade Católica Shalom em Pacajus (CE). Para mim foi uma grande surpresa, porque eu nunca trabalhei na Comunidade na dimensão formativa. Hoje eu me vejo muito encontrado dentro da casa de formação, tocando em uma realidade que Deus sempre quis que eu vivesse – a dimensão da paternidade espiritual, que vivo com muita intensidade.

O chamado é muito maior do que eu

Vejo hoje a necessidade que o mundo tem da presença de um pai. Uma vez eu escutei do Padre Denys (membro da Comunidade de Vida Shalom), que aqui dentro desta casa, eu estaria “me especializando no coração do homem”, e eu fico muito feliz, porque o meu diaconato tem sido aqui dentro. Nas homilias diárias, nas direções espirituais, escutando, orientando e formando os missionários que são o futuro da Comunidade – me especializando, de fato, no coração e no sofrimento do homem. Sou muito grato a Deus por, neste tempo, viver dentro da casa de formação.

Meu coração se enche de alegria e de júbilo por hoje poder me preparar para o sacerdócio, estou feliz e disposto a fazer aquilo que Deus quer. E mesmo me deparando com as minhas fraquezas – porque as tenho -, mesmo me deparando com todos os medos – porque também os tenho -, sei que o chamado é muito maior do que eu e me supera em tudo. A mim, neste tempo de preparação, nestes últimos dias, cabe somente me colocar diante de Deus e me encher de esperança e contar com a graça. “Deus sabe sempre contar com instrumentos insuficientes”, já dizia o Papa Emérito Bento XVI.

O meu lema sacerdotal é “eu e o Pai somos um” e este é o meu desejo, para que nenhum daqueles que ele me confiou se percam. Deus abençoe, Shalom!

Ticiano Cavalcante

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