Você sabia que além da Coroa do Advento, outra maneira de preparar sua casa para vivenciar esse tempo litúrgico de espera pelo Senhor é a Escada de Jacó?
Também conhecida como Escada do Advento, ela faz alusão a passagem bíblica de Gênesis (Gn 28, 10-19), na qual Jacó partiu para Hará e durante a noite enquanto dormia teve um sonho profético:
“E sonhou: e eis uma escada posta na terra, cujo topo tocava nos céus; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela” (Gn 28, 12)
Em seguida, o Senhor lhe deu a terra em que ele dormia por herança e prometeu abençoar sua descendência. A passagem representa assim o caminho de descida do Senhor para se comunicar com o seu povo e salvá-lo.
Entenda os simbolismos
A iconografia faz parte da espiritualidade da Comunidade Católica Shalom e, no tempo do Advento, dois ícones se tornam mais presentes na ornamentação dos espaços sagrados: o Pantokrator e a Virgem do Sinal. Segundo a iconógrafa Guadalupe Monteiro Cabral, o ícone da Virgem do Sinal é um dos que melhor expressam a espiritualidade do tempo de preparação para Natal, e o do Cristo Pantokrator vem somar na simbologia para a elaboração da Escada do Advento.
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Muito usada na preparação dos espaços sagrados nesse período, a Escada do Advento é composta de quatro degraus que remetem às quatro semanas do tempo de preparação para o Natal. Estes dois ícones compõem a Escada, que é montada da seguinte forma: no topo, o Pantokrator; na base, a Virgem do Sinal; e a cada degrau, uma vela (três roxas e uma rosa – domingo Gaudete).
“A cada semana acende-se uma vela, de cima para baixo, simbolizando o movimento de descida de Jesus, sua kênosis. O Deus que se encarnou no seio da Virgem Maria e se fez homem, o Emanuel, o Deus conosco. Por isso usamos esses dois ícones que expressam bem esse mistério da descida e encarnação do Verbo no ventre da Virgem Maria. É belo ver a cada semana, ao acender das velas de forma descendente, aquela imagem de Cristo Pantokrator (Deus e Senhor de todas as coisas) que vai nos revelando o abaixar-se de Deus até o homem e, para nossa salvação, se encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria (a Virgem do Sinal, que traz um bebê no ventre). Deus e homem. O mistério que o Advento vai nos apontando até culminar com o Natal do Senhor” explica Guadalupe.
Para contemplar melhor os ícones:
Pantokrator
No ícone do Pantokrator, Cristo aparece como criador de tudo que existe, junto com o Pai e o Espírito Santo. Como explica São Paulo: “Ele é a imagem do Deus invisível, o Primogênito de toda a criatura, porque nele foram criadas todas as coisas, nos céus e na terra…” (C1 1, 15-16).
Segundo a iconógrafa Fátima Epifânio, o Pantokrator é aquele que tudo governa, que tudo contém, o onipotente. “O Pantokrator é, por excelência, a imagem de nossa humanidade, resgatada e restaurada por Cristo e exaltada, Nele e por Ele, à glória suprema da Divindade, pela união hipostática das naturezas divina e humana, na única pessoa do Verbo, Filho de Deus” (Donadeo, Maria, p.82)
No ícone, Cristo aparece com o Evangelho na mão esquerda e abençoando com a mão direita. A posição dos dedos da destra revela os mistérios básicos da fé: Deus uno e trino e as duas naturezas de Cristo (divina e humana).
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Os diagramas obrigatórios IC XC, um de cada lado da cabeça, identificam liturgicamente o ícone sendo de Jesus Cristo (IC XC = Jesus Cristo). A auréola crucífera tem uma cruz inscrita com as três letras que revelam o nome sagrado de Deus: “Aquele que é”.
A fronte ampla indica a inteligência viva que tudo abrange do Verbo de Deus. O nariz reto, afilhado e alongado contribui para realçar a impressão da soberana beleza que emana do Pantokrátor. Os lábios são rubros, sutis e fechados, em silêncio sapiencial. As orelhas são pequeninas, mas bem visíveis e mostram uma atitude vigilância de escuta.
No Pantokrátor, Jesus tem um olhar vivo e penetrante que encara frontalmente o espectador. As arcadas superciliares, bem traçadas, contribuem para acentuar a força do olhar. O pescoço robusto e inflado significa a presença do Espírito Santo, como um sinal de que Jesus Cristo está para soprar o Espírito, conforme se lê em Jô 20,22: “Recebei o Espírito Santo!” ( Damasceno, 2003).
Virgem do Sinal
O ícone da Mãe de Deus “Virgem do Sinal” representa Maria e no seu seio virginal o menino Deus. Maria é representada de pé, inteira ou a meio-busto, tendo os braços erguidos em oração e com o Menino Jesus brilhando sobre seu seio. Jesus está envolvido em uma mandorla, palavra italiana que significa “amêndoa” e representa a glória Divina. “A tradição tem visto nesse ícone uma imagem da profecia do profeta Isaías: ‘Por isso, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a jovem mulher está grávida e vai dar à luz um filho e lhe dará o nome Emmanuel’ (Is 7,14) É o ícone Mariano estritamente ligado ao tempo do Advento”, explica Guadalupe.
“Este ‘sinal’, que é a concepção e o nascimento virginal do próprio Emanuel, é retomado por Mateus (1,23) e aplicado ao Filho de Maria. Por isso é chamada de Virgem do Sinal”, explica Fátima Epifanio. “Porque nasceu para nós um Menino, um filho nos foi dado. Ele tem a soberania sobre seus ombros e será chamado: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai para sempre, Príncipe da Paz” ( Is 9,15).
Desejamos que pela contemplação dos ícones possamos melhor viver o tempo do Advento e expectantes em acolher e viver o assim viver e acolher o mistério do Natal do Senhor!