A Exortação Apostólica “Christus Vivit” do Papa Francisco completa três anos em 2022. Dedicada aos jovens, o documento é fruto do Sínodo convocado pelo Papa Francisco sobre a juventude. “CRISTO VIVE: é Ele a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo! Tudo o que toca torna-se jovem, fica novo, enche-se de vida. Por isso as primeiras palavras, que quero dirigir a cada jovem cristão, são estas: Ele vive e quer-te vivo!”, escreve o Pontífice no início do documento.
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Nascida no meio dos jovens com a missão de evangelizar os jovens, a Comunidade Católica Shalom tem um carinho especial por este documento. O Comshalom entrevistou, Joyce Gonçalves, missionária da Comunidade Vida que ministrou o minicurso sobre a exortação no Instituto Parresia. De acordo com Joyce, o documento lançado em 2019 traz luzes para nossa evangelização neste contexto de retomada pós-pandemia.
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Comshalom: A “Christus Vivit” é um documento muito caro para a Comunidade, porque é voltado para os jovens, nossa primazia. Como você enxerga a importância de conhecer esse documento para os membros da Comunidade e da Obra Shalom?
Joyce Gonçalves: Conhecer essa exortação é essencial para caminharmos em unidade com a voz da Igreja para a evangelização dos jovens a partir da voz dos próprios jovens que participaram do Sínodo que a originou. Mas para nós é também mais do que um conhecimento intelectual do Documento, devemos conhece-lo com o nosso ser inteiro para que vá da mente às mãos e as nossas ações sejam contagiadas pela riqueza de conteúdo e de ânimo com a qual a exortação é redigida.
Comshalom: Que chaves de leitura podemos ter para esse documento?
Joyce Gonçalves: A chave de leitura é seguir o método no qual ela foi redigida que é o método “ver, julgar e agir”. Conseguimos compreender melhor a exortação quando percebemos esse caminho. Nos capítulos 1 a 3 o Papa apresenta o reconhecimento de quem são os jovens, como essência e dentro do contexto atual. Já nos três capítulos seguintes interpreta os desafios colocados pela realidade à luz da Verdade da Fé e finaliza nos capítulos seguintes apontando as ações pastorais que melhor respondam à realidade.
Comshalom: Quais os pontos essenciais da “Christus Vivit”?
Joyce Gonçalves: Podemos elencar cinco conceitos essenciais ao longo da exortação. A proposta de uma Igreja em Saída. A metodologia do discernimento. O foco no enraizamento dos jovens, o que significa a valorização das raízes culturais, dos valores fundamentais, da família e dos pequenos grupos. A partir disso o quarto conceito seria também a valorização da vida comunitária como espaço de vivência real do mandamento do amor. A centralidade do kerigma é outro aspecto central de grande atenção no documento que defende uma evangelização por atração que anuncia a beleza das verdades fundamentais da fé.
Comshalom: A “Christus Vivit” é um documento pós-sinodal. Qual a importância de um documento voltado para os jovens?
Joyce Gonçalves: Segundo o próprio Papa Francisco, a importância de um documento para os jovens não está no fato deles serem um futuro ou um “investimento” a longo prazo. Não. Um documento voltado para a evangelização dos jovens é importante porque a partir dos jovens toda a Igreja pode ser contagiada! Atraindo os jovens, a Igreja atrai a todas as outras camadas sociais. O objetivo portanto é, a partir dos jovens, transbordar esses princípios básicos para toda a Igreja.
Comshalom: Neste movimento pós-pandemia, de recomeço, o que você acha que esse documento tem a contribuir com a nossa ação missionária e evangelizadora?
Joyce Gonçalves: Tudo que é da Igreja tem a ver conosco porque somos Igreja! E mais ainda quando nos fala dos jovens! Também acreditamos, desde o início da comunidade, que devemos partir deles em nossa evangelização.
Para este tempo pós-pandemia eu ressaltaria dois pontos sobre o estilo de Pastoral Juvenil proposto pelo Papa que pode muito nos auxiliar nessa retomada. O primeiro é ir aonde os jovens estão e caminhar com eles em vista do bem possível. Nestes tempos difíceis muitos jovens se afastaram muito do caminho de Deus e até mesmo com decisões não reversíveis. Diante dessas situações não podemos esperar que sejam eles a vir até nós ou que consigam dar a mesma resposta de adesão religiosa que davam antes. Precisamos sair, encontra-los e juntos favorecer para que floresça o bem possível.
O segundo ponto que ressalto é sermos um lar para os jovens. Na exortação o Papa enfatiza que lar é onde somos amados pelo que somos. Essa palavra faz eco a profecia que o Senhor nos deu na Escuta passada que pedia que nossas casas e nossas vidas fossem casas para os jovens. Neste tempo em que o mundo apareceu aos jovens como um lugar de insegurança e incerteza, creio que ser Casa para eles será uma feliz resposta de Deus.