Formação

José de Anchieta, o jovem espanhol que ofertou a vida no Brasil

Celebrado neste dia 9 de junho, o padre jesuíta foi um dos fundadores das cidades brasileiras de São Paulo e do Rio de Janeiro. E também foi o primeiro dramaturgo, o primeiro gramático e o primeiro poeta nascido nas Ilhas Canárias.

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No frescor da juventude do jesuíta espanhol José de Anchieta algo não ia bem. Recém entrado na jovem Ordem Religiosa chamada Companhia de Jesus, parecia que seu sonho em tornar-se missionário em terras distantes estava por desmoronar-se.

São José de Anchieta nasceu em Tenerife (Espanha), em 1534. Após entrar na Companhia de Jesus em Coimbra, embarcou aos 19 anos para o Brasil. Missionário zeloso junto aos indígenas, foi professor, poeta, dramaturgo, fundador de cidades, e acima de tudo, um verdadeiro apóstolo que plantou os valores do Evangelho no Brasil nascente. Morreu em 1597, aos 63 anos na atual cidade de Anchieta (ES).

Aceitar as circunstâncias e dar sentido à missão

Um dia, pelos corredores da comunidade dos jesuítas em Coimbra, encontra-se com o seu superior que lhe pergunta: “Como vai, José?” Ao que ele imediatamente responde: “Não muito bem, padre, os médicos dizem que tenho uma doença incurável.” O superior, olhando bem nos seus olhos lhe disse: “Se o Senhor o quiser assim para o bem de sua Missão e de sua maior Glória, você aceitará?” A resposta positiva foi imediata.

O jovem Anchieta levantou a cabeça e dilatou o coração. Naquele momento difícil, de dúvida, de aparente fracasso, de encontro cruel com a própria debilidade, era forjado o homem que, dentro de alguns meses, colocaria seus pés numa caravela e partiria para sempre a fim de dar a vida pelo anúncio do Evangelho em nossa Nação.

Anchieta e os outros: O amor sempre vai além

Daquela enfermidade, adquirida nos átrios de sua juventude, Anchieta jamais curou-se. Talvez nunca tenha pedido tal milagre a Deus. Não tinha tempo para dar atenção à sua dor. Estava muito ocupado em amar. De fato, um pouco antes de sua viagem definitiva, ele afirmou que se ao menos fosse capaz de ensinar o Pai Nosso e a Ave Maria aos indígenas, já se sentiria satisfeito com a sua missão. Mas ele foi mais longe, ensinou o Evangelho a uma Nação.

Como bem disse o Papa Francisco, na Missa em Ação de graças pela canonização do Apóstolo do Brasil em 2014: “Anchieta plantou os fundamentos culturais de uma nação em Jesus Cristo.” Sua criatividade apaixonada desenhou os primeiros rabiscos da nossa cultura tão cheia de imaginação, de sonhos e de paixão pela vida. Nossas raízes brasileiras são indígenas e traços delas permanecem e são evidentes em nós brasileiros, na nossa alegria contagiante, no nosso amor à liberdade, na paixão pela música e pela dança, no nosso sagrado respeito e apreço ao diferente.

Anchieta, logo cedo, apaixonou-se pelo nosso país, pelos que nele habitavam, pela língua e o modo de ser dos nativos. Reconhecia que o Espírito já havia semeado naqueles seres humanos o seu amor e que o ofício do apóstolo era simplesmente regar cuidadosamente aquelas sementes divinas.

Faleceu no dia 9 de junho de 1597, aos 63 anos de idade.

O que este homem cheio de coragem nos ensina hoje

Além do riquíssimo legado cultural e espiritual que ele nos deixou, neste difícil tempo de COVID19, a vida de Anchieta é um convite a não desanimar diante das tribulações, mas de seguir em frente, glorificando a Deus com a vida e contemplando os nossos limites e dificuldades não como obstáculos, mas como oportunidades para que em nossas fraquezas Deus manifeste todo o seu poder (ref. 2 Cor 12,9).

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Reze conosco

ORAÇÃO A SÃO JOSÉ DE ANCHIETA NAS EPIDEMIAS

São José de Anchieta, Apóstolo do Brasil, a quem confiamos a saúde do corpo e da alma do povo desta terra (que encontraste boa saúde nestes trópicos e recomendaste as terras do Brasil), vinde em nosso auxílio diante desta grande calamidade que nos assola.

Fostes tu que se colocaste entre a sala de aula e a enfermaria socorrendo muitos filhos e filhas que te procuravam na missão de Piratininga, atormentados de inúmeras enfermidades e epidemias. Fostes tu que na carência total se fez médico e com as plantas desta terra encontrou veículo para novas medicinas.

Fostes tu que movido pelo zelo ao Evangelho tentou salvar a muitos por meio da Palavra e da Eucaristia. Aumentai em nós a Fé, a Esperança e a Caridade, para que, movidos pelos mesmos sentimentos de Cristo, possamos servir aos mais pobres e necessitados.

Como tu fostes tudo para todos, fazei-nos colocar também toda a nossa confiança nas mãos de Cristo Jesus. Para que, no nosso pôr do sol, brilhe vitoriosa a luz do Cristo.

Que a Virgem Maria rogue por nós em nossas agonias, dando-nos o seu Filho Jesus como remédio para a nossa vida.

São José de Anchieta, rogai por nós.

Amém.

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