Foi divulgada hoje, 9, a primeira Exortação Apostólica do Papa Leão XIV, intitulada Dilexi te, em português “Eu te amei” – expressão retirada do livro de Apocalipse 3, 9 – que fala sobre o amor para com os pobres. Ela foi assinada no último sábado, 4 de outubro, dia de São Francisco de Assis.
Herança do Papa Francisco
No início do documento, Leão explica que a Dilexi te era um projeto do pontificado de Francisco. Depois da exortação Dilexit nos – sobre o amor humano e divino do coração de Jesus, este seria o próximo documento do então Papa Francisco que não chegou a ser finalizado.
“Ao receber como herança este projeto, sinto-me feliz ao assumi-lo como meu – acrescentando algumas reflexões – e ao apresentá-lo no início do meu pontificado, partilhando o desejo do meu amado Predecessor de que todos os cristãos possam perceber a forte ligação existente entre o amor de Cristo e o seu chamamento a tornarmo-nos próximos dos pobres.“
Ele salienta que confirma o pensamento de Bergoglio que o amor aos pobres é um caminho de santificação da Igreja.
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O amor aos pobres à exemplo dos santos
Para Leão XIV a proposta de proximidade com os pobres não se trata de uma “beneficência”, ou seja de apenas agir com bondade, mas refere-se a “revelação” divina, pois “Nos pobres, Ele ainda tem algo a dizer-nos“.
“Estou convencido de que a opção preferencial pelos pobres gera uma renovação extraordinária tanto na Igreja como na sociedade, quando somos capazes de nos libertar da autorreferencialidade e conseguimos ouvir o seu clamor.”
Para além de levar Deus aos irmãos mais pobres, os santos que trilharam esse caminho de amizade com eles encontraram o rosto do próprio Senhor. Foi o caso de São Francisco, Charles de Foucault, Santa Teresa de Calcutá e Santa Dulce, da qual Leão destacou que:
“Fez-se pobre com os pobres por amor ao sumamente Pobre. Vivia com pouco, rezava com fervor e servia com alegria. A sua fé não a retirava do mundo, mas lançava-a ainda mais profundamente nas dores dos últimos.”
O pontífice destacou ainda sobre o exemplo dos santos que:
“Cada um, à sua maneira, descobriu que os mais pobres não são mero objeto da nossa compaixão, mas mestres do Evangelho. Não se trata de lhes ‘levar Deus’, mas de encontrá-Lo ali. Todos estes exemplos ensinam que servir aos pobres não é um gesto de cima para baixo, mas um encontro de igual para igual, onde Cristo é revelado e adorado.”
A fraqueza de Deus
No segundo capítulo da exortação, intitulado “Deus escolhe os pobres“, o pontífice destaca como a predileção divina pelos pobres está presente nas Sagradas Escrituras desde o Antigo Testamento. “Desde o seu início, a Sagrada Escritura manifesta com grande intensidade o amor de Deus através da proteção dos mais fracos e dos menos favorecidos, a tal ponto que, em relação a eles, se poderia falar de uma espécie de ‘fraqueza’ de Deus”.
Uma questão “familiar”
“Preocupam-nos, de modo particular, as graves condições em que vivem muitíssimas pessoas, devido à escassez de alimentos e água potável. Todos os dias morrem milhares de pessoas por causas relacionadas com a desnutrição. Mesmo nos países ricos, as estimativas relativas ao número de pobres não são menos preocupantes.”
Nos capítulos seguintes, Leão XIV revela a sua preocupação com as inúmeras formas de pobreza atuais e convida com “urgência” a todos a “entrar neste rio de luz e vida que provém do reconhecimento de Cristo no rosto dos necessitados e dos sofredores”.
Além disso, ele adverte que os cristãos não devem considerar os pobres como um “problema social”, mas encarar a pobreza como uma questão familiar.
“Quer através do vosso trabalho, quer através do vosso empenho em mudar as estruturas sociais injustas, quer através daquele gesto de ajuda simples, muito pessoal e próximo, será possível que aquele pobre sinta serem para ele as palavras de Jesus: «Eu te amei» (Ap 3, 9)“, encerra o pontífice.
Acesse na íntegra a primeira Exortação Apostólica do Papa Leão XIV aqui!
Por Socorro Mouta
