Há acontecimentos que nunca farão a manchete dos noticiários e que se arriscam a ser rapidamente esquecidos. O que vou contar a seguir aconteceu na Nigéria e é um desses casos
Em Abril de 2015, por ocasião do congresso “Somos Todos Nazarenos”, que reuniu em Madrid cristãos perseguidos de todo o mundo, tive a oportunidade de conhecer Monsenhor Oliver Dash Doeme, bispo de Maiduguri, a diocese mais afetada pelo grupo terrorista “Boko Haram”.
Durante o congresso, Mons. Doeme contou algo que silenciou a sala: “Tive uma visão de Jesus”, disse. “Nessa visão, o Senhor entregou-me uma espada. Quando essa espada tocou nas minhas mãos, transformou-se num Rosário.” “O Senhor falou então, dizendo três vezes: “Boko Haram is gone.” (“O Boko Haram desapareceu”).
Mons. Doeme acrescentou: “Não precisei que nenhum profeta me explicasse a visão. Era óbvio que, com o Rosário, expulsaríamos o Boko Haram”. “Na Nigéria, temos o demónio do Boko Haram. Na Europa, vocês têm os vossos próprios demónios, que têm de ser eliminados: o demónio do secularismo, o demónio do casamento gay, o demónio do aborto.”, concluiu.
Falei com ele pouco depois. Disse-lhe que era português, devoto de N. Senhora de Fátima, que estaria a rezar por ele. “Então, rezemos juntos à nossa Mamã Maria!”, acrescentou, com um grande sorriso. O sorriso era a sua imagem de marca, Mons. Doeme sabia que era uma questão de tempo e de confiança na ação de Deus.
Não há como duvidar da intervenção divina, nos acontecimentos que se seguiram: em 2015, o grupo terrorista controlava um território semelhante ao da Bélgica; no dia 24/12/2016, o presidente da Nigéria anunciou que o exército tomara o último reduto dos terroristas islâmicos.
As palavras de Mons. Doeme ficaram para sempre gravadas na minha memória. Associei-as ao que a Irmã Lúcia afirmou na sua última entrevista pública: “…a Santíssima Virgem, nestes últimos tempos em que vivemos, deu uma nova eficácia à oração do Santo Rosário. De tal maneira que agora não há problema, por mais difícil que seja, seja temporal ou, sobretudo, espiritual – que se refira à vida pessoal de cada um de nós; ou à vida das nossas famílias, sejam as famílias do mundo sejam as Comunidades Religiosas; ou à vida dos povos e das nações –, não há problema, repito, por mais difícil que seja, que não possamos resolver agora com a oração do Santo Rosário. Com o Santo Rosário nos salvaremos, nos santificaremos, consolaremos a Nosso Senhor e obteremos a salvação de muitas almas.”
Neste centenário das aparições de Fátima, não cessemos de confiar na nossa Mãe, rezando o terço diariamente, como ela pediu. Porque, como afirmou o Padre Pio, “O Santo Rosário é a arma daqueles que querem vencer todas as batalhas”.
Nuno Capucha Almada/ Portugal