Pela segunda vez, a pandemia de coronavírus obrigou o Papa Francisco a realizar a Audiência Geral de dentro da Biblioteca do Palácio Apostólico.
O evento é mais breve do que o habitual, justamente porque não há fiéis presentes e, portanto, não há o contato do Papa com os peregrinos.
Contudo, a Audiência não perde a sua essência, que é a transmissão da Palavra de Deus através das Sagradas Escrituras ou dos ensinamentos da Igreja.
A misericórdia
Esta bem-aventurança, notou o Papa, contém uma particularidade: é a única em que a causa e a consequência da felicidade coincidem. Quem exerce misericórdia, encontrará misericórdia, será “misericordiado”.
Este tema da reciprocidade do perdão não está presente somente nesta bem-aventurança, como explica Francisco, mas é recorrente no Evangelho. “A misericórdia é o próprio coração de Deus!”
Perdoar é como escalar uma montanha
O Papa prosseguiu recordando que há duas coisas que não podem se separar: o perdão dado e o perdão recebido.
“Mas tantas pessoas estão em dificuldade, não conseguem perdoar. Muitas vezes, o mal recebido é tão grande, que conseguir perdoar é como escalar uma montanha altíssima. Um esforço enorme. Isso não dá”, afirma o Papa.
Todavia, o Pontífice ressalta que a reciprocidade da misericórdia indica que é necessário inverter a perspectiva. “Mas sozinhos não podemos. É necessária a graça de Deus e devemos pedi-la”, lembra.
O reconhecimento do nosso pecado
“Todos somos pecadores. Todos. Em relação a Deus e em relação aos irmãos. Cada um sabe que não é o pai ou a mãe que deveria ser, o esposo ou a esposa, o irmão ou a irmã que deveria ser. Todos estamos em déficit na vida e precisamos de misericórdia. Sabemos que, mesmo não cometendo o mal, sempre falta algo ao bem que deveríamos ter feito”, afirma o Papa.
Francisco ressalta que é propriamente esta nossa pobreza, que se torna a força para perdoar. Segundo o Papa, cada um deve lembrar que precisa de perdão e de paciência; este é o segredo da misericórdia: perdoando se é perdoado.
Por isso, Deus nos precede e nos perdoa por primeiro. Recebendo o seu perdão, nos tornamos capazes de perdoar.
O cristianismo deve levar o homem à misericórdia
A misericórdia, frisa o Pontífice, não é uma dimensão entre as outras, mas é o centro da vida cristã: “não existe cristianismo sem misericórdia”, afirmou, citando São João Paulo II.
Se o nosso cristianismo não nos leva à misericórdia, erramos o caminho, porque a misericórdia é a única verdadeira meta de todo caminho espiritual, um dos frutos mais belos da caridade. (Papa Francisco)
Primeiro Angelus como Papa
O Pontífice citou uma lembrança, do seu primeiro Angelus como Papa, cujo tema foi precisamente a misericórdia.
“Isso ficou muito impresso em mim, como uma mensagem que, como Papa, deveria dar sempre, todos os dias: a misericórdia. Lembro que naquele dia tive uma atitude ‘atrevida’ de fazer publicidade de um livro sobre a misericórdia que tinha acabado de ser lançado do cardeal Kasper. E aquele dia senti muito forte isso: ‘É a mensagem que devo dar como Bispo de Roma. Misericórdia: misericórdia, por favor. Perdão”, lembra Francisco.
A nossa via de libertação
“A misericórdia de Deus é a nossa libertação e a nossa felicidade”, concluiu o Papa.
O Pontífice lembrou que nós vivemos de misericórdia e não podemos no permitir ficar sem ela.
Somos demasiados pobres para colocar condições, necessitamos perdoar, porque precisamos ser perdoados. (Papa Francisco)