As portas abertas de Madagascar são o reflexo do coração do povo malgache. As casas simples da população de Antsiranana, têm sido a terra de missão e o coração do trabalho voluntário da Expedição Missionária que acontece na ilha africana. Diariamente, os profissionais saem nas ruas do bairro de Diego, com o objetivo de conhecer o rosto da população e oferecer amparo por meio de atendimento médico, escuta atenta aos dilemas das pessoas e, principalmente, da oração, o tesouro mais valioso que eles têm a oferecer.
Foi durante essas visitas que os voluntários tocaram na realidade do pequeno Saydo, de oito anos, que já fez quatro cirurgias no estômago com o apoio financeiro da Comunidade Shalom. Devido à precariedade de recursos e de conhecimento na capital, a criança ainda não descobriu qual o seu verdadeiro problema, mas a família segue com esperança, testemunhando que é possível acreditar na vida, mesmo em meio à dor.
Ao entrar na casa, os voluntários deram palavras de incentivo à mãe da criança, que os recebeu com um sorriso no rosto, pediu que eles entrassem e conhecessem o restante da família que também vive no vilarejo. Tudo terminou com orações e abraços apertados — os vínculos são profundos na cultura malgache. Ao final da visita, a avó de Saydo pediu que os missionários voltassem, porque deseja compartilhar mais da sua história. As visitas costumam ser demoradas, para que os voluntários adentrem com profundidade na vida das pessoas.
Em meio aos entulhos da cidade, está também a casa de dona Rosimarie. A sua idade, segundo ela, aproximadamente 73 anos, mas ela não sabe ao certo. É normal que o povo malgache não tenha certeza do ano que nasceu, porque nem sempre as pessoas são registradas de imediato. A precariedade de serviços públicos gera desinformação.
Dona Rosimarie recebeu os voluntários com muita generosidade e pediu que todos sentassem em sua cama — único móvel da casa, doado pela Comunidade. A senhora cuida do pequeno neto com deficiência mental que perdeu os pais no início da vida. A falta de saneamento básico torna as condições de higiene precárias. Em meio ao caos, ela sorri, abraça os voluntários e pede para registrar o momento da visita com fotos — o encontro gerou comoção entre os profissionais, que não só registraram o momento em suas câmeras, mas em seus corações.
Em cada visita, a esperança reascende na vida dos voluntários e das pessoas que os recebem. Nenhuma casa ou morador é menos importante — em uma cidade esquecida pela sociedade, a missão da Comunidade Shalom é encontrar o povo que ali sobrevive e lembrá-lo que Deus não esquece dos seus. A desesperança não tem a palavra final para os profissionais.
E assim o trabalho segue, alcançando os corações de quem certamente não vai esquecer da visita daqueles que vieram de longe, com desejo de dar a vida sem reservas, com a oferta do tempo, do cansaço e do coração.
Um tempo novo nasce em Madagascar, terra de missão de uma Expedição Missionária que já possui raízes de eternidade.