Devido a situação dos último anos, doenças virais, a saúde mental de muitas pessoas foi afetada. Alguns, neste tempo, foram diagnosticados com depressão, ansiedade, pânico, síndrome do pensamento acelerado e outras doenças mentais pós traumáticas. Atualmente é “normal” ter pessoas próximas com ansiedade, extrema preocupação, que acabam, por vezes, desencadeando em crises.
Uma crise, entre outras coisas, se caracteriza por um momento em que se sente perigo, vulnerável, sem direção. No geral, são marcados por dúvidas, medos, sentimento de frustração, sensação de impotência, desordem e desinstalação. Esses momentos são dolorosos, porém são também decisivos.
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Estas doenças não são distante dos fiéis de Deus. Entenda, a vida não deve ser caracterizada por inquietações que geram ansiedade, e sim pela fé que produz felicidade. Conheça oito santos que podem ajudar nesta luta, e ainda fortalecer e motivar nesta caminhada.
Santo Agostinho
Segundo estudiosos agostinianos, passou por altos e baixos dos neurotransmissores e a instabilidade psíquica e física que hoje é entendido como depressão.
Santa Mônica, suportou com paciência quase inacreditável a imprevisibilidade do filho. Agostinho procurava com intensa sinceridade a verdade e o sentido da existência, mas, na andanças desnorteadas e segundo os próprios termos, ele a buscava na aparência das coisas criadas e nos prazeres dos sentidos, longe de Deus e assim, cada vez mais longe de si mesmo. “Eis que estavas dentro de mim, mas eu estava fora, e fora Te buscava, e nas coisas formosas que criaste, deforme eu me lançava”, cita ele na obra Confissões.
A teimosia da graça, porém, foi mais forte que a dele mesmo, e, encontrando canal na incansáveis orações de sua mãe e na influência do bispo Santo Ambrósio, levou o rebelde e angustiado Agostinho a finalmente se render a Deus e acolher o batismo. Mais ainda: ele se consagrou a Deus e chegou também ele a ser bispo.
Santo Agostinho conseguiu sair dessas debilidade com ajuda da oração, do sacrifício e do trabalho. Ocupar-se foi um grande remédio, tanto nas muitas responsabilidades de bispo quanto nas muitas horas de reflexão, estudo e oração que o transformaram em grande defensor da doutrina da Igreja.
São Francisco de Sales
Conhecido como o santo da amabilidade. Quando era muito jovem, começou a ter o pensamento constante sobre a própria condenação, estando certo de que iria para o inferno.
Este pensamento incessante o levou a perder o apetite e sofrer noites contínuas de insônia, repercutindo na saúde. São Francisco perdeu muito peso e temiam que enlouquecesse pela falta de sono.
Então, disse a Deus: “Não me interessa que me mandes todos os suplícios que queiras, contanto que me permitas seguir te amando sempre”. Na igreja de Santo Estêvão, em Paris, ajoelhado diante da imagem da Virgem, pronunciou a famosa oração de São Bernardo: “Lembrai-vos, ó puríssima Virgem Maria…” e conseguiu milagrosamente recuperar a paz.
Santa Teresinha do Menino Jesus
No escritos dela, conta quando era criança, sofria de uma doença que, pelos sintomas, se assemelha ao que hoje se conhece como depressão, e como foi libertada graças a “Nossa Senhora do Sorriso”.
“Dia 13 de maio de 1883, festa de Pentecostes. Do leito, virei meu olhar para a imagem de Nossa Senhora, e, de repente, a Santíssima Virgem apareceu-me bonita, tão bonita que nunca vira algo semelhante. Seu rosto exalava uma bondade e uma ternura inefáveis, mas o que calou fundo em minha alma foi o ‘sorriso encantador da Santíssima Virgem’”, escreveu a santa carmelita.
“Todas as minhas penas se foram naquele momento, duas grossas lágrimas jorraram das minhas pálpebras e rolaram pelo meu rosto. Eram lágrimas de pura alegria… Ah! pensei, a Santíssima Virgem sorriu para mim, estou feliz… Fora por causa dela, das suas intensas orações, que eu tivera a graça do sorriso da Rainha dos Céu…”, expressou. Após ser curada das doenças psíquicas pela intervenção do sorriso de Maria, Santa Teresinha ensinou uma grande lição vocacional: amar! Seja com um gesto, um olhar, um sorriso ou nas ações.
São João de Deus
Tido como alucinado por muitos, João de Deus foi internado num hospício. Lá, recebeu tratamento desumano, conforme a ignorância da época quanto às doenças mentais. Depois de ter sofrido cruelmente, foi acolhido e orientado por São João d’Ávila. Então, decidiu fundar o que chamou de “casa-hospitalar”, cujo objetivo era dar tratamento mais adequado aos tidos como “loucos”.
Por ter sido tratado como louco, João de Deus conhecia em profundidade a difícil situação dos doentes mentais. Ele dizia que pertencia ao mundo dos loucos. Dizia também que pertencia e ao mundo dos pecadores, dos indignos. Mas isso era o que o entusiasmava a trabalhar pela reabilitação, dignificação e inserção tanto dos doentes mentais quanto dos pecadores. Num mundo onde qualquer distúrbio mental era sumariamente classificado como “loucura”, João de Deus criou um modelo de empatia, de tratamento, de contato e de convicções profundas, que ajudaram a milhares de sofredores e inspirou várias outras instituições.
A Casa Hospitalar de João de Deus começou a dar frutos, curou muitos doentes mentais. E assim, nasceu a Ordem religiosa Irmãos Hospitaleiros. É conhecido hoje, como padroeiro dos que trabalham nos hospitais e se pode recorrer a ele para pedir a intercessão quando as pessoas sofrem de depressão e outras doenças mentais.
Santo Inácio de Loyola
A personalidade poderosa do grande santo fundador dos padres jesuítas também era dada a sentimentos de profunda inquietação e sofrimento. O senso de certeza e convicção que ele demonstra na autobiografia (escrita em terceira pessoa) não vieram com facilidade. Depois de se converter, Inácio teve de lutar contra um feroz período de escrupulosidade, ou seja, a tentação de sentir-se sempre em grave pecado por cada mínima falha pessoal no cumprimento de deveres e na vivência das virtudes.
Essa provação veio seguida de uma depressão tão séria que ele chegou a pensar em tentar contra a própria vida. Deus o retirou do abismo de trevas e sofrimento interior inspirando-lhe grandes coisas a realizar na vida em nome de Cristo e da Sua Igreja. O próprio Inácio define como “desolação” a experiência que enfrentou nos exercícios espirituais: um estado de grande inquietação, irritabilidade, desconforto, insegurança quanto a si mesmo e às próprias decisões, dúvidas assustadoras, grande dificuldade de perseverar nas boas intenções… De acordo com Inácio, Deus não causa a desolação, mas a permite para “abalar” como pecadores e chamar à conversão.
A partir dessa experiência, Santo Inácio dá três conselhos para reagir à desolação: não desistir nem alterar uma boa resolução anterior; intensificar a conversa com Deus, a meditação e as boas ações; e perseverar com paciência, pois a provação é estritamente limitada por Deus, que dará o alívio no momento oportuno. Ele descobriu, em suma, que a depressão pode ser um grande desafio espiritual e uma ótima oportunidade de crescimento.
Santa Hildegarda de Bingen
Santa Hildegarda de Bingen foi uma religiosa beneditina que viveu no século XII e a quem foram reveladas as causas de algumas doenças e seus tratamentos. Não tinha estudos, por isso sempre manifestou que toda a sabedoria vinha de visões do céu, que lhe ditava “uma voz viva” que lhe indicava que cada doença tinha um remédio oferecido pela natureza.
Com base nessas visões, Santa Hildegarda escreveu vários livros de medicina nos quais mostra que o homem não está condenado à doença, mas que pode evitá-la ou curá-la de maneira natural, levando um modo de vida coerente. A santa alemã descobriu alguns tratamentos para lidar com doenças como a depressão.
São João Maria Vianney
Conhecido como o Cura D’Ars, modelo de pároco zeloso e de pastor que superou as muitas e graves limitações intelectuais próprias para guiar as almas com maestria pelo caminho da vida de graça. Apesar de todo o bem que fazia, ele não conseguia enxergar a própria relevância diante de Deus e convivia persistentemente com um forte complexo de inutilidade pessoal, sintoma da depressão que o acompanhou durante toda a vida.
Nos momentos mais difíceis, ele recorria ao Senhor e, apesar do sofrimento, renovava a determinação de perseverar no seu trabalho com confiança, fé e amor a Deus e ao próximo.
Santa Teresa Benedita da Cruz
A santa carmelita descalça , Edith Stein, havia nascido judia e crescido ateia sofreu com a depressão durante longo período. Chegou a escrever: “Encontrei-me gradualmente em profundo desespero… Eu não podia atravessar a rua sem querer que um carro me atropelasse e eu não saísse viva dali”.
Desde antes de se converter, principalmente nas muitas ocasiões em que foi desprezada e humilhada por ser mulher e de origem judia, Edith sofreu intensamente a depressão. Intelectual, filósofa, discípula e até assistente de Edmund Husserl, o fundador da fenomenologia, ela finalmente encontrou em Deus a Verdade que tanto buscava, a partir da leitura da obra de Santa Teresa de Jesus. Abraçou então a graça com tamanha sede que dela arrancava as forças para lidar não apenas com os seus dolorosos sofrimentos interiores, mas também com as trevas mortíferas do nazismo.
Edith Stein, que adotou no convento carmelita o nome religioso de Teresa Benedita da Cruz após se converter e se consagrar a Deus radicalmente, foi capaz de perseverar até o martírio, mantendo a lucidez, a fé, a esperança e o amor inclusive na prisão e na execução a que foi submetida covardemente no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. Esse final de vida terrena parece particularmente deprimente? Pois ele é, mesmo. No entanto, como tudo nesta vida tem mais do que apenas um lado, ela enfrentou esse cenário extremo com a serenidade e a paz de espírito de quem aprendeu a lidar com os altos e baixos da depressão, enxergando além do imediato e abraçando uma vida que não acaba porque é eterna – e que é capaz de brilhar até mesmo nas trevas mais densas da morte num campo de concentração.
Amar e ter fé nas intervenções divinas
Vários outros santos também já sofreram um período curto ou longo com alguma debilidade psíquica, mas venceram, voltaram a Deus e procuraram a ajuda possível na época. Hoje, são grandes santos da Igreja Católica que tem muito a ensinar no caminho de santidade.
Vale ressaltar que essas doenças mentais, não é falta de Deus; são doenças neuronal caracterizada pela alteração de neurotransmissores no cérebro. Não há relação de causalidade entre a doença e a debilidade espiritual. Isto posto, é um desafio premente a sociedade, quebrar o paradigma teológico do indivíduo depressivo como um ser alienado de Deus.
Orar, amar e ter fé, são ferramentas poderosíssimas para a sobriedade. Viva intensamente a fortaleza da oração, o poder do amor e a vitória da fé. Viver tudo isso com glória para sempre. Somos criados com a potencialidade de amar e se amado. O amor é tudo para as nossas realizações.
Por fim, reze conosco a Oração para vencer a ansiedade.
Serviço
Congresso Shalom das Famílias 2022 – O amor na família: vocação e caminho de santidade
Quando: 25 e 26 de junho de 2022
Local: Fortaleza – CE
Inscrições: [link]
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