Não é difícil encontrar atualmente diversas pessoas que vivem sufocadas com diversos males, sejam doenças relacionadas a psique, seja a pressão que o mundo exerce no ambiente de trabalho, falta de sentido de vida ou mesmo aquelas mergulhadas num pessimismo e que se identificam como “realistas” ou pragmáticas.
Dentre os apóstolos de Jesus, São Tomé foi um daqueles que viveu essa realidade da descrença, do pessimismo momentâneo, de deixar de confiar em Jesus para confiar em si mesmo. Aquele que se afastou de sua comunidade, deixou de acreditar em seus irmãos, que olhou apenas para aquilo que seus olhos mostravam dentro de um cenário de morte e desesperança.
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Existem diversos tipos de Tomés nos dias de hoje, e para cada um deles o choque da Ressurreição de Cristo é remédio e resposta que convida todos a fazer uma experiência, de tocar não só no lado aberto de Jesus, mas também de juntos com os irmãos partir para anunciar esta boa nova: Ele está no meio de nós! “Introduz a aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé” (Jo 20,27).
Os Tomés não amados
“Devemos enxergar nos irmãos excelente oportunidade de darmos provas de amor ao nosso Rei. Aceitando suas ofensas, ouvindo seus queixumes, amando os que não são amados, perdoando os que são difíceis de perdoar, vivendo seu amor” (Escritos Shalom, Amor Esponsal).
Quantas pessoas nós encontramos em nosso dia-a-dia que necessitam ser acolhidas, ouvidas e amadas? Escutamos esse brado de Jesus em nossos corações todas as vezes que nos deparamos com oportunidades de amar, socorrer, evangelizar. Quando mesmo tentados a viver a nossa própria vida, somos lançados a viver uma oferta total e incondicional em vista do outro que é o irmão e em vista do grande outro que é Deus, e vivendo assim somos felizes.
Eles estão por aí, nas estradas do mundo, onde percorre também com eles o esposo ressuscitado sempre a dizer “põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Eu sou real, Eu vivo por Ti, me alegro por Ti, Te dou uma vida totalmente nova. Não tirarei os desafios, os sacrifícios do teu caminho, mas te darei uma fé capaz de mover as montanhas. Portanto põe a mão no meu lado aberto e torna-te um homem de fé, eu sou a tua Paz.”
Os Tomés não amados existem, e buscam sem saber o próprio Deus, a verdadeira felicidade de todo homem. Esta é a grande aventura da humanidade, ir em busca do Senhor, saber que não se vive apenas para esta vida terrena, existe um céu e um amor infinito a nos esperar dentro deste lado aberto de Jesus, como bem exprimiu o apóstolo Paulo: “Fixou aos povos os tempos e os limites de sua habitação. Tudo isso para que procurem a Deus, e se esforcem por encontra-Lo como que as apalpadelas, pois na verdade Ele não está longe de cada um de nós, porque somos também de sua raça” (At, 17,26-28).
Escute essa canção enquanto lê:
Os Tomés digitais
Vivemos num mundo onde o uso da tecnologia ganha novos espaços, transformando-se em aliada em diversas tarefas que executamos no dia-a-dia e o uso de diversas telas nos coloca diante de uma nova forma de consumir conteúdos, produtos e serviços. A utilização de uma segunda tela vem ocorrendo através do incentivo de ecossistemas digitais que realizam convergências e interações entre diversos dispositivos.
Esse comportamento vem sendo observado ao longo dos anos, e de acordo com pesquisas realizadas pelo Google e pelo portal Eletronics Hub, o Brasil ocupa o segundo lugar em ranking de uso de telas em 2024 (54,73%). Destes, 73% usam o celular enquanto assistem a TV ao mesmo tempo, gastando em média 4,4 horas na frente de celulares, tablets, computadores e TV digital.
É nesse contexto que vivem os Tomés digitais, pessoas que estão imersos no continente digital consumindo diversos conteúdos que geralmente as afastam ainda mais de Deus, tornando-as céticas e muitas vezes agnósticas. Até mantém relações com outros grupos e comunidades virtuais, mas não aprofundam a sua experiência de fé, confiando apenas nos avanços e ganhos que recebem das redes sociais. Muitas são aquelas que apresentam transtornos de ansiedade generalizada (TAG) e diversos vícios decorrentes do uso abusivo dos aparelhos celulares.
Também para estes Deus nos confia a missão de sermos as lentes que focam no próprio Cristo, que retiram as escamas daqueles que não enxergam como deveriam a vontade de Deus, sendo instrumentos, amigos, colaboradores da graça de Deus. Introduzindo-os no discipulado de Jesus, sendo companheiros na caminhada, não mestres, pois o mundo já está saturado daqueles que se utilizam até de palavras bonitas, mas não tem um testemunho de vida consistente.
Os Tomés misericordiados
O Papa Francisco, em diversas homilias durante o jubileu extraordinário da misericórdia em 2016 e posteriormente, cita diversas vezes o termo “misericordiar”, esta ação concreta do amor de Deus que, perdoando, transforma e muda a vida. “Só aqueles, como os apóstolos, que amadureceram a consciência de serem misericordiados, se tornam misericordiosos” (Homilia do 2º Domingo de Páscoa, 2021).
Tomé e os outros apóstolos viveram essa experiência de serem “misericordiados”, através de três grandes dons oferecidos por Jesus: a paz, o Espírito Santo e as Suas chagas gloriosas (Jo 20, 19-29). Acolheram os dons e se tornaram dons para humanidade. Também nós neste tempo somos convidados a como Tomé, sermos misericordiados, nos aproximar dos confessionários e abraçar o sacramento do perdão para inundar o mundo com a misericórdia de Deus.
Quantos de nós fazemos as vezes de Tomé e somos tomados pela mão de Jesus e introduzidos numa nova dimensão do amor e do perdão total, sempre que duvidamos, sempre que caímos e pecamos? Quantas vezes nós, Shalom, recebemos a Paz que vem de Jesus de novo e de novo, chamados a professar a nossa fé não importando a nossa condição?
Este “meu Senhor e meu Deus!” de Tomé significa, pois, que reconhecemos que fomos misericordiados para misericordiar, para nos tornar como ele, apóstolo da reconciliação do homem com Deus, consigo mesmo e com toda a criação. Toda a nossa vida agora, pelo testemunho de Tomé, nos convida a sermos discípulos e ministros da paz e da misericórdia do Pai. “Tudo isto vem de Deus, que nos reconciliou consigo por meio de Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação” (2 Cor 5, 18).
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Tomé, onde estás ?
No show Resposta, um musical que mostra os primeiros passos para a fundação da Comunidade Católica Shalom, Moysés Azevedo recorda através de uma das canções, que caminhando pelas ruas de sua cidade, vê tanta gente que está em busca da felicidade, em caminhos vazios e falsas realidades. Contudo, traz dentro de si um desejo que não pode mais calar. Querer dar tudo aquilo que recebeu das mãos de Jesus, mãos estas que abriram caminhos e vias de eternidade em sua vida.
Incomoda nele saber que ainda existem pessoas (Tomés) que não encontraram este grande tesouro de real valor, por isso não pode mais se calar. Deve incomodar também em cada um de nós oportunidades de evangelização que são perdidas quando pensamos somente em nosso conforto, em nossos status pessoais e paralisamos diante da nossa vergonha e respeito humanos.
Hoje, devemos com sinceridade pedir a Deus que nunca se cale dentro de nós esta pergunta: “Tomé, onde estás?” A mesma pergunta que Deus fez a Adão, desejando que ele estendesse sua mão para receber seu perdão e amor. Nossos Tomés podem assumir outros nomes, outros rostos, podem estar em cidades diferentes, mas o coração dele permanece o mesmo, a espera do anúncio de Jesus e de suas palavras ressoando dentro de si “Porque viste, creste. Felizes os que não viram e creram!” (Jo 20,29)
São Tomé apóstolo, irmão e discípulo predileto do Senhor, com tua profissão de fé vós curastes a nossa descrença, com tua ousadia e determinação, tocaste o corpo glorioso do Senhor, ensinai-nos a crer sem duvidar e a provar da ressurreição do divino mestre. Amém!
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Amei!!!!