Meu nome é Patrícia. Eu e meu esposo temos promessas definitivas na Comunidade Shalom e somos uma família com dez filhos, sendo dois no céu, dois na Comunidade Vida e uma na Comunidade Aliança. Todos os outros são da Obra Shalom.
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Deus nos deu uma fecundidade ampla. Não somente a fecundidade biológica, mas também um coração desejoso de acolher a Vontade de Deus que, além de nos dar uma família numerosa, nos deu muitos filhos espirituais. E, nesse movimento de abertura à Vontade de Deus, nós fomos impulsionados a um forte desejo de partir em missão como família. E pudemos experimentar isso no ano de 2014. Foi uma decisão difícil de ser tomada diante dos apegos que a gente trazia na época: deixar nossos pais, nossos irmãos de comunidade e irmos para uma terra que nós não sabíamos onde até então. Mas nosso coração ia se inquietando a cada dia. Até que, depois de quase três anos de uma escuta mais próxima a Deus em relação a essa questão da missão, Deus nos conduziu a Vitória (ES).
Partir em missão – discernimento em família
Nossa experiência lá foi grandiosa. Antes de chegarmos lá, nós nos sentíamos acolhidos pelo povo. Existia um povo, que nós já chamávamos de filhos, porque nós já trazíamos em nossos corações e eram nossos filhos espirituais. Eles com tanto amor e tanto carinho prepararam tantas coisas para nos acolher.
Antes de chegarmos lá, nosso coração já tinha ido. E esse amor foi envolvendo os nossos filhos. Em todos os momentos que fazíamos o Beraká, Deus ia também preparando o coração dos nossos filhos e fazendo com que eles também desejassem partir em missão.
O amor de Deus e dos irmãos superam os desafios da missão
Quando chegamos lá, houveram sim desafios, mas nenhum deles foi maior que o amor que nós sentíamos da parte de Deus e da parte dos irmãos que nos acolheram com tanta dedicação. Foi uma experiência em que Deus, através do amor dos irmãos, nos fazia aprender a depositar ainda mais nossa confiança nEle, que é o Senhor das nossas vidas.
Um dos desafios que nós vivemos lá foi lidar com a enfermidade de uma de nossas filhas. Foi muito duro a gente estar longe dos nossos apegos daqui de Brasília e permanecermos lá mesmo diante das tentações que, por vezes, passavam na nossa cabeça de voltarmos e estarmos próximas daquelas pessoas que eram nossos suportes, nossa família. Mas Deus foi durante um ano, que foi o tempo da enfermidade dela, nos dando provas de amor. E através de tudo isso nós fomos aprendendo que ali era realmente nosso lugar. Ali nós tínhamos irmãos com quem podíamos contar.
Providência de Deus para a família
O processo de discernimento não foi muito simples. Depois de tudo confirmado em oração pessoal, com a família através do Beraká e com as autoridades, o desafio seria como nós iríamos nos sustentar lá. E aí, a primeira grande providência foi que uma pessoa da Obra de Vitória nos emprestou uma casa, que era inclusive melhor que a casa que nós morávamos em Brasília. Uma casa grande em que nós moramos durante todo o período que estivemos em missão.
E através deste primeiro desafio de como iríamos nos sustentar, nós rezamos e Deus falava para eu não buscar trabalho lá, embora eu pudesse trabalhar como professora. Mas Deus pedia para que eu cuidasse apenas da família e da missão.
Um emprego para o sustento da família
O meu esposo mandou alguns currículos e houve uma proposta de trabalho para ele. Mas quando saiu a licença do meu trabalho e pudemos viajar, a proposta que ele tinha recebido já havia sido preenchida. E ele permaneceu desempregado. Porém a Obra de lá cuidou tão bem da gente que nada nos faltou.
Depois de um tempo ele conseguiu um emprego, mas esse emprego estava começando a comprometer o zelo com tudo o que nós precisávamos viver nesse tempo de missão. Aí foi discernido que ele saísse do trabalho. Ele ficou mais um tempo desempregado e depois começou outro trabalho. Enquanto isso foi chegando a Comunidade Vida na Missão e nós pudemos participar da partilha de bens dos irmãos. Nós continuamos esse tempo em Vitória sem sofrer nenhum tipo de falta. Nós tínhamos tudo o que era necessário para nós e nossos filhos, desde alimentação a médicos.
Chamado a voltar
Eu acho que de todos os desafios que nós vivemos o mais difícil foi voltar para Brasília, foi deixar aquele povo, cortar o cordão umbilical. Poque nossos filhos, esses que Deus nos deu naquela terra, precisavam seguir a vida deles e nós precisávamos retornar. Deus já havia provado que era tempo, que já tínhamos encerrado a nossa missão lá.
Patrícia Gomes
Consagrada de Aliança
Missão Brasília – DF
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