Foi um casamento lindo, a noiva estava emocionada, o noivo nervoso, a família cheirando a perfume e naftalina, os amigos com sorrisos abertos olhavam para cada detalhe do casal. Havia também um convidado ilustre e ao mesmo tempo desconhecido, o futuro. O Futuro como um rei lustroso e impetuoso, abria as portas de um castelo encantado de promessas, planos e desejos escondidos no coração e na mente dos cônjuges. O rei também era casado, o nome da sua esposa se chamava Realidade.
Às vezes olhamos para o matrimônio na perspectiva de uma vida natural, mas esquecemos que o próprio Deus foi o seu criador e que é nele que o mistério da verdadeira felicidade, liberdade e realização se encontram. Acredito que um dos principais enganos que alguns noivos cometem é o de pensarem que casam para ser feliz, quando na verdade deveriam casar-se para ser santo e levar o outro à santidade.
Duvidas e preocupações
Preocupações, muitos filhos, ninho vazio, enfermidades, crises financeiras, perdas de entes queridos, crises conjugais, crises de todos os tipos, até de meia idade etc. Tudo isso abala o matrimônio. São como ventos e tempestades que ameaçam a estrutura de uma casa, mas não devem derrubá-la “Todo aquele que ouve estas minhas palavras e as põe em prática será comparado ao homem sensato que construiu sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque está alicerçada na Rocha” (Mt. 7,24-25) Todo sofrimento amadurece, emagrece, faz crescer e deve também nos fortalecer.
Fazem parte da vida e nós não devemos temer vivenciá-lo. Rir juntos, criar os filhos juntos, amadurecer juntos, planejar, fracassar, levantar, mudar, se mudar, reconstruir, viajar, dormir, acordar, correr… Meu Deus! Você pode chamar isso tudo de matrimônio, mas pode chamar também de vida em abundância!
Existem famílias que sucumbem no meio da caminhada. Que permitem que algo tome o lugar de Deus, pois a situação, o conflito cresceu tanto que não podem mais suportar. Vivem frustrados. Às vezes esquecem que o matrimônio é uma vocação. Que é parte da sua forma de ser mais profunda (ontológica). Não é algo descartável, mutável. O Centro não é você, nem o outro e sim o próprio Deus.
Ação divina
Deixam de olhar para Deus, não conseguem mais vê-lo no outro e centralizam-se na crise e em seus afetos abalados. Esquecem também que o matrimônio é um sacramento e tem em si uma graça santificante para agir em sua humanidade. O matrimônio foi criado por Deus e para aqueles que têm o chamado a essa magnífica vocação, devem encontrar nele a saída de toda e qualquer crise que estão passando. Santa Rita de Cássia teve um esposo irascível e foi assassinado, seus dois filhos morreram de enfermidades e mesmo assim ela foi santa.
Os pais de Santa Teresinha, Luís Martin e Zélia perderam três filhos e criaram uma prole numerosa. O que dizer da família Soubirous que vivia em uma cela de uma antiga prisão no fundo de um beco onde o bairro colocava lixo na entrada. Família grande e extremamente pobre. Quantas dificuldades tiveram que enfrentar? Sua filha Santa Bernadete orava sempre pedindo a Deus que não livrasse sua família da pobreza, pois nela encontrou a alegria e a liberdade. Quando seu irmão se tornou padre implorou-lhe que se conservasse pobre até o fim. Deus, Deus, Deus. A receita para um matrimônio feliz é Deus!
Por fim, como renovar o matrimônio? É preciso a coragem de assumi-lo como missão. O casal deve encarnar o sentido principal do matrimônio que é levar o outro para Deus e que sua casa é verdadeiramente uma Igreja doméstica. O seu centro será o próprio Deus. Não deve ser mais a internet, a televisão, o trabalho, a carreira, os filhos, o progresso financeiro, as mágoas etc. Sua missão é apresentar no fim da sua vida a outra pessoa que está ao seu lado justa e irrepreensível. O casal ao aproximar-se de Deus, terá sua vida conjugal renovada e será verdadeiramente feliz.
Lembro-me agora de uma música do Enes Gomes que dizia mais ou menos assim: “Há algo em comum entre eu e você. Olhe nos meus olhos, veja. Quanto mais eu sei mais eu quero crer, que Deus tem planos pra mim e você. Que bom perder a hora, não ver o tempo passar, só pra conversar contigo. Que bom falar de Deus, do amor que é todo luz. Dois apaixonados por Jesus”. Sim, há algo em comum, são apaixonados por Deus, o resto virá por acréscimo. Sou casado há 37 anos, tenho três filhos, cinco netos e minhas duas filhas estão grávidas.
Posso afirmar a verdade de que um matrimônio sem Deus (Eu experimentei isso), não caminha bem. Hoje rezo meu terço diariamente, participo da missa diária, faço minhas orações pessoais, mas como casal nós elegemos a quinta feira, como o nosso dia de Beraká. Paramos diante de nosso altar e rezamos um pelo outro, pela comunidade, pela humanidade que sofre e por nossos filhos. Essa data nós temos como sagrada. Temos esse compromisso com Deus e conosco. Hoje posso afirmar que Deus é o centro verdadeiramente de nossa família. Não somos perfeitos mas nos unimos ao Perfeito pois sem ele tudo é vão!
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Cláudio Viana
Consagrado Comunidade Shalom