O coração bateu mais forte na última semana em Madagascar. Os atendimentos médicos estão acontecendo diariamente na cidade de Antsiranana, local onde os voluntários da Expedição Missionária estão prestando serviços à população dos dias 10 a 22 de novembro. Ao tomar conhecimento de que uma gestante havia perdido quase todos os movimentos do corpo de forma abrupta, os profissionais foram ao encontro da mulher em sua casa.
Ao chegarem no local, se depararam com a cena de uma família que estava ao redor da cama, esperando a visita dos voluntários. A gestante fitou os olhos dos profissionais com um olhar de esperança. Em meio à dor de uma paralisia física, a preocupação com a vida de uma criança que ali se desenvolve, silenciosamente, todos os dias.
Um grande louvor
Os profissionais começaram a examiná-la e, com pouco tempo, o coração do bebê foi ouvido de forma intensa — as batidas emocionaram a mãe, que abriu um grande sorriso — este foi o primeiro sinal vital que ela escutou de seu filho desde a descoberta da gravidez. No momento em que ela sorria e os voluntários se impressionavam com a saúde da criança, a avó do pequeno começou a erguer um grande louvor em seu dialeto.
A missionária da Comunidade de Vida fez a tradução para os voluntários, que também se encheram de alegria. A atitude da senhora emocionou todos os que estavam presentes, que compreenderam, naquele momento, a grandiosidade da missão que lhes foi confiada.
A razão da paralisia
Os voluntários da equipe médica da Expedição Missionária de Madagascar 2019 seguem estudando a situação da gestante para conseguir descobrir a razão da sua paralisia, visto que a cidade não dispõe de recursos de saúde suficientes para tratá-la. O suporte, portanto, será permanente.
Uma das enfermeiras que está acompanhando o caso e esteve presente no momento, Deliana Souza, ficou muito comovida com a visita e, principalmente, com a reação da avó da criança, que mesmo diante de uma situação delicada para a sua filha, não perdeu a esperança e abriu o coração para a vida que se inicia. A voluntária escreveu um poema que expressa a sua experiência nesse momento tão especial.
Só agora pude entender
Só agora pude entender
Porque, para eles, há
Muito mais alegria
Ao morrer do que em viver
Agora consigo compreender
Que existe uma razão para ser
Que entre viver e sobreviver
Existe algo muito além do que se possa ver
Um sofrimento muito eterno em vida,
Que vida indigna,
Malvada, sofrida…
Será que vale a pena essa vida?
Não tem água,
Não tem banheiro,
Não tem escola,
Não tem saúde,
Não tem comida,
Não tem dinheiro…
Quantos nãos
Para esta nação
O que podemos fazer, então?
Para este povo
Que clama
Por uma intervenção
Dizê-los para ter fé,
Dizer que vai dar certo,
Dizê-los que Deus os ama,
Parece até ser incerto…
E mesmo assim existe fé,
E mesmo assim existe alegria,
E mesmo assim existe coragem,
Para sobreviver dia após dia.
Deliane Souza, discípula da Comunidade Católica Shalom em Salvador (BA).
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