Os humanos, assim como todos os animais, são seres de expressão. Porém, diferente dos outros animais, o homem é um ser racional e sua capacidade de expressão não se reduz a impulsos instintivos. Ele é capaz de sentir e expressar o que sente de forma verbal, mas também por meio de escritos, gestos e símbolos. Daí surgiu a escrita, a música, a dança, a poesia, a pintura, o teatro etc. …
Deus, então, como vemos nas narrativas bíblicas, ao interagir com o homem, não só fez uso desses recursos, mas também valoriza o uso que o homem faz desses recursos para entrar em relação com ele.
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O Antigo Testamento, por exemplo, é repleto de símbolos escolhidos por Deus para Se revelar ao povo, animando-o ou corrigindo-o. Mas há também alguns desses mesmos recursos, que foram escolhidos pelo povo, para celebrar ou apenas para se expressar diante de Deus.
Os principais símbolos que vemos no judaísmo bíblico são: “a Menorá, a Estrela de Davi, o Chai, o Tora, o Mezuzah e o Shofar. Eles carregam um importante significado, motivo pelo qual são utilizados até hoje pelos judeus.
Com o Cristianismo, também, não foi diferente. Nas primeiras décadas da Igreja, os símbolos e recursos artísticos eram sigilosos, apenas os seguidores do “Caminho” os conheciam. Essa expressão era usada pelos fieis dos primórdios da Igreja, para se referir à trajetória pessoal e comunitária do discipulado a Jesus.
Veja então o que o Catecismo diz:
“Cada celebração sacramental é um encontro dos filhos de Deus com o seu Pai, em Cristo e no Espírito Santo. Tal encontro exprime-se como um diálogo, através de ações e de palavras. Sem dúvida, as ações simbólicas são já, só por si, uma linguagem. Mas é preciso que a Palavra de Deus e a resposta da fé acompanhem e deem vida a estas ações, para que a semente do Reino produza os seus frutos em terra boa. As ações litúrgicas significam o que a Palavra de Deus exprime, ao mesmo tempo, a iniciativa gratuita de Deus e a resposta de fé do seu povo.” (CIC 1153)
Como podemos ver, a Igreja alerta para o perigo do ritualismo vazio, presente nas tradições e arranjos, sem o perfume da Boa Nova. Tudo, então, deve ser realizado, proporcionando um verdadeiro mergulho no espirito de cada parte.
Liturgia da Palavra
Após os ritos iniciais da celebração, chega o momento da liturgia da Palavra. Palavras e ações cooperam, umas com as outras para favorecer a escuta. “A liturgia da Palavra é parte integrante das celebrações sacramentais. Para alimentar a fé dos fiéis, os sinais da Palavra de Deus devem ser valorizados.” (CIC 1154)
A Palavra proclamada deve tornar-se Palavra escutada e vivida. Por isso, o Catecismo reforça a importância de que as ações, nesse momento, sejam bem efetuadas, para favorecer a escuta dos fiéis. Em tempos mais solenes, pode se inclusive fazer uso de cantos, procissão e incenso.
Simbólicas, imagens sagradas e cantos
O homem é um ser com grande capacidade de expressão. Os recursos utilizados por ele são diversos. Esses potenciais são muito bem vindos, se bem utilizados, também nos atos de culto a Deus. Ele pode ser estimulado, no culto a Deus, pelo que vê, sente e escuta.
O Catecismo, assim, neste tópico, apresenta então o papel dos cânticos e das imagens sacras. “A composição e o canto dos salmos inspirados, muitas vezes acompanhados por instrumentos musicais, estavam já estreitamente ligados às celebrações litúrgicas da Antiga Aliança. A Igreja continua e desenvolve esta tradição: «Recitai entre vós salmos, hinos e cânticos inspirados, cantai e louvai ao Senhor no vosso coração» (Ef 5,19) (25). Quem canta, reza duas vezes (26). (CIC 1156).
A Igreja elege três principais critérios para o bom uso da música na liturgia. São eles: “A beleza expressiva da oração, a participação unânime da assembleia nos momentos previstos e o carácter solene da celebração. Participam, assim, na finalidade das palavras e das ações litúrgicas: a glória de Deus e a santificação dos fiéis (CIC 1157).
Se esses elementos forem bem observados, os gestos e ações litúrgicos, entre eles os cantos, terão cumprido sua finalidade. A música e os recursos artísticos podem, com certeza, alimentar a fé das ovelhas do Senhor, que estão dentro da Igreja, mas podem também alcançar e atrair as que estão fora.
O grande Santo Agostinho de Hipona é um exemplo de alguém que foi atraído pelos cantos sagrados da liturgia da Igreja. Leia o que ele diz em sua obra Confissões:
“Como eu chorei ao ouvir os vossos hinos, os vossos cânticos, as suaves harmonias que ecoavam pela vossa Igreja! Que emoção me causavam! Passavam pelos meus ouvidos, derramando a verdade no meu coração. Um grande impulso de piedade me elevava, e as lágrimas rolavam-me pela face; mas faziam-me bem»”
Que jamais abramos mão da importância de cuidar e zelar bem dos espaços sagrados e de tudo o que se refere ao legítimo culto a Deus, como é orientado pelas diretrizes formais da Igreja.
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