Formação

São Boaventura, Doutor da Igreja e defensor dos franciscanos

Era um grande companheiro e amigo de Santo Tomás de Aquino, outro grande nome da intelectualidade católica, foi um filósofo e teólogo escolástico medieval, pertenceu à Ordem dos Frades Menores e foi cardeal de Albano. Canonizado em 1482 e declarado Doutor Seráfico.

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O santo de hoje foi bispo e reconhecido Doutor da Igreja de Cristo. Chamou os pescadores e camponeses para segui-lo no carisma de Francisco de Assis, mas também os homens cultos e os de ciência. São Boaventura era um desses homens de muita ciência, porém, de maior humildade e conhecimento de Deus, por isso, registrou o que vivia.

“Não basta a leitura sem a unção, não basta a especulação sem a devoção, não basta a pesquisa sem maravilhar-se; não basta a circunspecção sem o júbilo, o trabalho sem a piedade, a ciência sem a caridade, a inteligência sem a humildade, o estudo sem a graça”. Ele afirmava

Boaventura nasceu no centro da Itália em 1218 e, ao ficar muito doente, recebeu a cura por meio de uma oração feita por São Francisco de Assis, que percebendo a graça tomou-o nos braços e disse: “Ó, boa ventura!”. Entrou na Ordem Franciscana e, pela mortificação dos sentidos e muita oração, exerceu sua vocação franciscana e sacerdócio na santidade, a ponto do seu mestre qualificar lhe assim: “Parece que o pecado original nele não achou lugar”.

São Boaventura, antes de se destacar como santo bispo, já chamava – sem querer – a atenção pela sua cultura e ciência teológica, por isso, ao lado de Santo Alberto Magno e Santo Tomás de Aquino, caracterizaram o século XIII como o tempo de sínteses teológicas.

Certa vez, um frei lhe perguntou se poderia salvar-se, já que desconhecia a ciência teológica; a resposta do santo não foi outra: “Se Deus dá ao homem somente a graça de poder amá-Lo isso basta… Uma simples velhinha poderá amar a Deus mais que um professor de teologia”. O Doutor Seráfico, assumiu muitas responsabilidades, como ministro geral da Ordem Franciscana, bispo, arcebispo, até que, depois de tanto trabalhar, ganhou com 56 anos o repouso no céu.

Filosofia

Boaventura escreveu sobre quase todos os assuntos acadêmicos da época e as obras são numerosas. Contudo, a maioria trata de filosofia e teologia. Nenhuma delas é exclusivamente filosófica e todas são excelentes testemunhas da mútua interpenetração entre as duas disciplinas que marcou o período escolástico.

Muito do pensamento filosófico de Boaventura revela uma considerável influência de Santo Agostinho. Boaventura acrescenta princípios aristotélicos à doutrina platonista agostiniana.

Um mestre das frases memoráveis, Boaventura defendia que a filosofia abre a mente para pelo menos três diferentes caminhos que os seres humanos podem escolher nas jornadas para Deus. As criaturas materiais não-intelectuais ele concebeu como sombras e vestígios (literalmente “pegadas”) de Deus, compreendido como a causa final do mundo que a razão filosófica pode provar como tendo sido criado junto com o tempo. As criaturas intelectuais seriam as criadas à imagem e semelhança de Deus; o resultado da mente e da vontade humanas levando-nos a Deus, entendido como iluminador (revelador) do conhecimento e doador da graça e da virtude. A rota final é rota do ser, na qual Boaventura incorporou o argumento em defesa da visão de Deus como um ser absolutamente perfeito cuja essência requer existência, um ser absolutamente simples que é a causa da existência de todos os demais seres compostos.

Na forma e no objetivo, as obras de São Boaventura são sempre obras teológicas e seu único ângulo de visão e critério de aproximação da verdade é a fé cristã. Este viés influencia sua própria importância na história da filosofia e, quando se soma o julgamento sobre seu estilo literário, Boaventura aparece como sendo, provavelmente, o menos acessível dentre as grandes figuras da filosofia do século XIII. E isto se dá não por ele ser um teólogo, mas por que a filosofia só lhe interessa como preparatio evangelica (“preparação para a pregação evangélica”), como algo que deve ser interpretado como uma sobra ou um desvio do que Deus revelou. 

Canonização

Boaventura foi formalmente canonizado em 1482 pelo Papa Sisto IV e foi declarado, juntamente com Tomás de Aquino, como o maior dos Doutores da Igreja em 1587. Ele era também considerado como um dos maiores filósofos da Idade Média.

A festa de São Boaventura foi incluída no Calendário Geral Romano logo depois de sua canonização. Inicialmente, era celebrada no segundo domingo de julho, mas foi movida em 1568 para o dia 14 de julho, pois no dia 15, o aniversário de sua morte, já se comemorava a festa de Santo Henrique. 

São Boaventura, rogai por nós!


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