Se fores aquilo que Deus quer, colocareis fogo no mundo. (Santa Catarina de Sena)
O reconhecimento do meu chamado ao celibato começou diante de uma inquietação em assumir em totalidade aquilo que Deus me fez para ser neste mundo. Mas não foi fácil, pois havia muitas resistências dentro de mim.
Não entrei na comunidade querendo ser celibatária, aliás, só fui para o vocacional porque me disseram que eu podia ser consagrada e casar. Mas o meu chamado se deu muito antes de eu me reconhecer como Shalom.
Aos 15 anos, tive uma experiência muito forte com o amor de Deus, que mudou minha história. Comecei a frequentar um grupo de jovens da renovação carismática e ali fui me engajando na paróquia e fui começando a ter uma vida de oração e de serviço a Deus.
“Eu não quero casar contigo”
Uma vez, estava rezando e Deus me deu uma passagem de Isaías 62:
“Como o jovem desposa uma virgem, assim te desposará o teu edificador. Como alegria do noivo pela sua noiva, tal será a alegria que Deus sentirá de ti.”
Ao ler essa passagem, imediatamente fechei a bíblia e disse: “Eu não quero casar contigo”, e pronto, nunca mais pensei no que Deus tinha me dito naquela oração, pois tinha medo e não me via como freira, que era a única forma que eu conhecia de vida consagrada.
Continuei vivendo normalmente minha juventude, tive alguns relacionamentos, mas sempre parecia que faltava algo e eles não davam certo. Depois de alguns anos, Deus me deu novamente essa passagem em oração e, diante de muitas inquietações de saber de fato qual era a minha vocação, Deus me conduziu ao Shalom e lá descobri que todos eram chamados a serem “almas esposas”. Para mim, naquela época, tudo se encaixou, eu poderia ser alma esposa e ainda me casar.
>> Notícias da Igreja e do Mundo: Siga o canal da “Comunidade Católica Shalom” no Whatsapp
“Se eu não sou celibatária, eu não sei o que sou”
Assim, ingressei na comunidade de vida e fui descobrindo e sendo atraída à vocação e também ao celibato. Após fazer as minhas primeiras promessas no carisma, Deus me fez trilhar um caminho de reconciliação, de atração e de experimentar um grande amor e muita misericórdia, onde Ele ia vencendo minhas resistências e me fazendo reconhecer uma pertença total a Ele.
Com isso, fui descobrindo a beleza que o chamado ao celibato traz: a relação única e esponsal com Jesus, a totalidade e fecundidade da oferta, o sinal de unidade na vida comunitária, o coração alargado diante dos relacionamentos e o espírito de sacrifício como marca. Quando me deparava com essas características e olhava para mim, eu me dizia:
“Se eu não sou celibatária, eu não sei o que sou.”
Foi então que fiz, em 2023, os meus primeiros votos no celibato e hoje experimento uma grande alegria em ser aquilo que Deus me fez para ser desde toda a eternidade.
Ele, que com sua infinita misericórdia, me escolheu para ser sinal do seu amor aqui na terra e alegrar o seu coração, sendo celibatária pelo reino dos céus.
Eu descobri o meu chamado, então não tenha medo de descobrir o seu, pois Ele sempre nos surpreende e supera as nossas expectativas.
Aline Leite
Missionária da Comunidade de Vida e celibatária pelo Reinos dos Céus
Veja também:
+ 6 músicas que expressam o celibato pelo Reino dos Céus, por Max Lucena (MSH)
+ TESTEMUNHO: Vivendo o celibato, sou a mulher mais feliz do mundo
+ TESTEMUNHO: Celibato: Uma feliz rendição