Formação

A tentação da soberba e o prazer do louvor

Em mais um texto da série de resumos sobre o capítulo X de “Confissões” de Santo Agostinho, vemos o que o santo fala sobre o pecado da soberba

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Imagem: comshalom

Santo Agostinho continua falando sobre as tentações presentes em I João 2, 16, referindo-se à última delas neste ponto: a soberba da vida. Deus é o dominador, acima do qual não há qualquer outro. Ele deve ser temido e amado sobre todos e acima de tudo.

É conveniente que alguns homens sejam amados e temidos, em função de determinados deveres sociais, mas se alguém deposita a sua alegria em ser amado e temido, isso Deus reprovará, não consistindo neste regozijo a verdadeira alegria. É vaidade! “Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes.”

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Se alguém é elogiado por algum bem específico que tenha, e se isto lhe causar uma alegria maior do que o dom recebido, também aí há um equívoco, pois não se está louvando o doador dos dons, mas o portador do dom. Uma alerta para o cultivo da humildade: os que se vangloriam na exaltação, não haverá quem os defenda quando forem desprezados.

O importante para Agostinho é que aquele que detém este ou aquele carisma, se alegre mais pelo bem operado na vida do próximo do que em si e por si mesmo.

O prazer do louvor

Aqui continua o tópico anterior ao falar da soberba, no que diz respeito ao júbilo que é causado na alma pelos louvores que recebemos do próximo por dons ou boas obras.

Quanto às concupiscências da carne e as tentações da curiosidade, são mais fáceis de avaliar, seja por uma ausência momentânea das mesmas, seja pela capacidade de resistir-lhe nas situações concretas. Indaga-se, avançando no argumento, sobre que proveito ou mérito se obtém em ser louvado pelos homens. Parece que vai concluir em uma aporia.

É certo que as boas obras devem ser louvadas e as más, reprovadas. Se fosse o contrário, estar-se-ia animando a que os homens agissem mal. Não há neutralidade nesse assunto, é impossível escapar dele. Ele diz que se tivesse de escolher em ser um louco, mergulhado no erro, e aprovado por todos os homens ou ser um homem virtuoso, forjado no caráter e reprovado por todos, certamente escolheria o segundo.

Afirma que: “mais do que com os louvores, alegro-me com a verdade.” Avança ainda na compreensão dizendo que virtuoso mesmo é o homem que, louvado por boas obras, encontra seu regozijo, além da obra em si, além dos louvores, mas no exclusivo bem do próximo, demonstrando uma razão significativa para a humildade nos momentos em que se é exaltado. Nisto consiste a alegria!

Entristece-se quando os homens louvam aquilo que não conhecem ou quando enaltecem nele coisas que lhe desagradam ou são secundárias e fúteis. Quando se é louvado, o que deve prevalecer é a alegria pelo bem do próximo.

O dilema vem aqui quando ele diz: então se o bem do próximo é o que mais importa neste ponto, porque me entristeço mais quando sou alvo de uma censura injusta do que quando o próximo, diante de mim, é alvo da mesma crítica? Ele vai argumentando até encontrar alguma inconsistência em seu próprio argumento. Encerra clamando que as suas palavras “não sejam o óleo do ímpio para ungir a minha fronte.” (Salmo 140, 5)

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