Tamanha é a amplitude do dia da Páscoa, que a Igreja o estende até o Domingo de Pentecostes
Ricos foram os dias do Tríduo Pascal. A Liturgia, como sempre, atualizou para nós o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. Cristo Ressuscitou, aleluia! Inaugurou para nós um dia sem ocaso, isto é, sem fim. Tamanha é a amplitude desse dia, que a Igreja o estende até o Domingo de Pentecostes.
A esse período chamamos Tempo Pascal. A liturgia da Palavra, nesse tempo, apresenta passagens interessantíssimas. Parece que a todo momento somos induzidos a mergulhar na experiência pessoal de cada personagem com o Ressuscitado. Na Oitava de Páscoa, tivemos os exemplos de Maria Madalena no sepulcro vazio (Cf Lucas 28), Pedro e João, (Cf João 20,21) Tomé (Cf João 20,19) e os discípulos de Emaús. (Cf. Lucas 24).
Qual seria a principal razão e mensagem das aparições de Jesus? A principal razão é gerar testemunhas que sejam capazes de comunicar uma experiência. Tamanha foram essas experiências que até hoje, depois de dois mil anos, podemos dizer: nós também experimentamos do Ressuscitado. A principal mensagem é “Não saiam de Jerusalém” (Cf. Lucas 24,49).
Quando tomamos a passagem dos discípulos de Emaús, vemos que eles nãos estavam sendo nem um pouco obedientes às orientações de Jesus. Eles estavam saindo de Jerusalém (Cf Lucas 24). Como podemos ver no texto, eles falavam sobre tudo o que tinha acontecido em Jerusalém, nos últimos dias. O Evangelho deixa transparecer a dor, a frustração dos discípulos. Tanto que, sem opção e duros de coração, outra coisa não faziam a não ser voltar para suas antigas ocupações, a vida velha. Estavam saindo de Jerusalém.
Jerusalém é a cidade da paz, Jesus havia prometido a seus discípulos que, subindo ao Pai, enviaria o Espírito Santo. Para isso, porém, eles deveriam permanecer em Jerusalém. Jerusalém é o lugar da promessa. O novo Pentecostes de Deus tinha um tempo e um lugar preciso na história dos homens, tal lugar chama-se Jerusalém. Haveria um risco muito grande para os discípulos se saíssem de Jerusalém. O Pentecostes poderia acontecer, sem que estivessem lá.
O Ressuscitado, que não se faz esperar, entra em suas estradas, interpela-os com a Palavra da Vida. Abrasa os seus corações, até que seus olhos se abrem, eles então retornam a Jerusalém, o lugar da promessa. Literalmente, o texto evangélico fala da Jerusalém cidade, ou seja um lugar geográfico bem preciso.
No entanto, gostaria de provocar você, querido leitor, a pensar na Jerusalém existencial. Aqueles lugares teológicos, onde Deus em Sua providência reserva um pentecostes para nós. Eu pergunto: O que significa para você, hoje, voltar a Jerusalém? Qual é o lugar da promessa na sua vida, do qual você está fugindo?
Talvez, voltar a Jerusalém signifique, para muitos, voltar para a família, para a esposa, para os filhos. Talvez seja voltar para a Igreja, para o grupo de oração, vivência dos sacramentos. Para muitos talvez signifique assumir sua vocação específica. Convido você a deixar-se invadir, envolver, pela presença questionadora e convincente do Ressuscitado.
Deixe-se persuadir a voltar! Todos nós temos uma Jerusalém na vida, da qual não raramente fugimos. Deus reserva um Pentecostes para você, justamente ali. Por isso, não saia de Jerusalém. A promessa também é para você.
Rodrigo Santos
seminarista da Comunidade Católica Shalom*
*A formação e o acompanhamento dos seminaristas são promovidos por benfeitores que contribuem financeiramente e por meio da intercessão. Envie um e-mail para seminaristas@comshalom.org , curta a fanpage Seminaristas Shalom e saiba como ajudar.
