Como comentamos na matéria anterior, o mistério redentor de Cristo é atualizado na vida da Igreja, por meio dos gestos e atos litúrgicos. Porém, esses atos seriam vazios e sem frutos sem o grande protagonista, atuando por meio deles, o Espirito Santo. Leia:
“Na liturgia, o Espírito Santo é o pedagogo da fé do povo de Deus, o artífice das «obras-primas de Deus» que são os sacramentos da Nova Aliança. O desejo e a obra do Espírito no coração da Igreja é que nós vivamos da vida de Cristo ressuscitado. Quando Ele encontra em nós a resposta da fé que suscitou, realiza-se uma verdadeira cooperação. E, por ela, a liturgia torna-se a obra comum do Espírito Santo e da Igreja. ” (CIC 1091)
Como podemos ver, trata-se, o culto a Deus, de uma obra conjunta, entre os fiéis e o Espirito Santo. Nessa bendita cooperação, a Igreja é formada e preparada para a volta definitiva do Salvador. Liturgia, então, é, ao mesmo tempo, memoria, preparação e antecipação.
“Nesta dispensação sacramental do mistério de Cristo, o Espírito Santo age do mesmo modo que nos outros tempos da economia da salvação: prepara a Igreja para o encontro com o seu Senhor; lembra e manifesta Cristo à fé da assembleia; torna presente e atualiza o mistério de Cristo pelo seu poder transformante; e, finalmente, enquanto Espírito de comunhão, une a Igreja à vida e à missão de Cristo.”(CIC 1092)
Não há relação autêntica e profunda com o Espírito Santo, que não leve a um mergulho fiel nos ritos e gestos litúrgicos e não há participação litúrgica real que ao mesmo tempo não introduza os fiéis numa dinâmica relacional com o Espírito Santo de Deus. Esse bendito enviado de Deus, prepara-nos para acolher a Cristo. (Cf. CIC 1093, 1094, 1095)
Animador/estimulador das memórias de fé
Recordar, como se sabe, significa, lembrar com o coração. Nesse sentido, a fé e seu impacto relacional com o Criado estimula a memória afetiva e abarca todos os potenciais da razão. Daí então porque a Igreja, em seus gestos de culto a Deus, iluminada pela Nova, mas também pela Antiga Aliança, não deixa de invocar o Espirito Santo. Ele é o Inflamador das almas.
“O Espírito e a Igreja cooperam para manifestar Cristo e a sua obra de salvação na liturgia. Principalmente na Eucaristia, e, analogicamente, nos outros sacramentos, a liturgia é o memorial do mistério da salvação. O Espírito Santo é a memória viva da Igreja. ”(CIC 1099)
Podemos dizer então que, em se tratando de liturgia, o tempo chronos, (Nascer e pôr do sol), enfim o tempo do relógio, do calendário etc… é um instrumento de Deus, para a entrada em ação de um outro tempo, o Kairós, tempo da graça.
“A liturgia cristã não se limita a recordar os acontecimentos que nos salvaram: atualiza-os, torna-os presentes. O mistério pascal de Cristo celebra-se, não se repete; as celebrações é que se repetem. Mas em cada uma delas sobrevém a efusão do Espírito Santo, que atualiza o único mistério.” (CIC 1104)
Nosso clamor a esse Doce Hóspede da Alma deve ser diário, constante, sobretudo na oração pessoal e nos gestos e ações litúrgicos. “O poder transformante do Espírito Santo na liturgia apressa a vinda do Reino e a consumação do mistério da salvação. Na expectativa e na esperança. Ele faz-nos realmente antecipar a comunhão plena da Santíssima Trindade. Enviado pelo Pai, que atende à epiclese da Igreja, o Espírito dá a vida aos que O acolhem e constitui para eles, desde já, as «arras» da sua herança (CIC 1107)
Confirmar os feitos e ações messiânicas de Cristo, resumindo, essa é a missão do Espirito Santo. Tudo o que se refere a Cristo e sua missão é ocupação desse Doce Hóspede da Alma. As ações apostólicas e evangelizadoras da Igreja, sim com certeza, mas, de forma especial, o culto a Deus nas ações litúrgicas e sacramentais.
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“A finalidade da missão do Espírito Santo, em toda a ação litúrgica é pôr-nos em comunhão com Cristo, para formarmos o seu corpo. O Espírito Santo é como que a seiva da Videira do Pai, que dá fruto nos sarmentos (22). Na liturgia, realiza-se a mais íntima cooperação do Espírito Santo com a Igreja. Ele, Espírito de comunhão, permanece indefectivelmente na Igreja, e é por isso que a Igreja é o grande sacramento da comunhão divina que reúne os filhos de Deus dispersos. O fruto do Espírito na liturgia é, inseparavelmente, comunhão com a Santíssima Trindade e comunhão fraterna.” (CIC 1108).
Que jamais nos cansemos de invocar, em nossas celebrações litúrgicas, a presença desse Consolador Perfeito, Doce Hóspede da Alma. Que sejamos homens e mulheres conduzidos e orientados por Ele, em todas as ações, gestos, e principalmente na liturgia.
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