Seguindo com os testemunhos da Campanha “Melhor vida não há”, iremos conhecer hoje a história do Consagrado da Comunidade de Vida, Artur Rodrigues do Santos, 38 anos, e natural de Salvador (BA).
Artur partilha que manteve não somente o vício dos entorpecentes, mas também o vício da mentira para tentar parecer algo e se apresentar como “um cara bacana”. Achava que com o uso das drogas encontraria liberdade, porém notou que vivia preso e com medo. Em Cristo, a verdadeira Luz e a Verdade, foi livre, alegre e hoje vive verdadeiramente quem é, sendo um missionário e consagrado.
“Ainda era criança quando fui apresentado à droga, da qual fui usuário por muito tempo. Tinha entre 8 ou 9 anos na época em que meu irmão adotivo apareceu com um cigarro de maconha. Lembro de fumarmos eu, meu irmão adotivo, um primo e um vizinho do sítio do meu pai.
Recordo que a sensação inicial foi anestésica, mas de acordar no dia seguinte com uma grande dor de cabeça.
Depois disso, voltei a consumir em minha adolescência; um amigo me ofereceu e passei a fazer uso todos os dias. Foi uma época em que não queria nada da vida, só fumar cigarro, usar maconha e beber. Abandonei os estudos e só queria saber de “curtir”.
Até que um dia, a caminho de casa, sofri um atentado. Um homem me perseguiu atirando contra mim, mas graças a Deus não fui atingido. Dias depois, ao retornar de uma festa com alguns amigos, fomos perseguidos por três homens armados em um carro. Os incidentes foram para mim, como um aviso, pois algumas das pessoas com quem costumava andar eram do tráfico.
Uma ilusão de liberdade
Após tudo isso ter acontecido, lembro de ter usado algumas outras vezes, mas já não fazia muito sentido, pois o que me levou a usar droga foi a ilusão de liberdade que acreditava encontrar, e ela se tornou uma prisão. Muitos pensam que a maconha, é uma droga “fraquinha” e que não faz mal, porém eu tenho muitas sequelas do uso. Uma das primeiras coisas que percebi foi a lentidão cerebral, a falta de atenção, a dificuldade de concentração, insônia frequente e até dificuldade de aprendizado.
O que posso dizer é que não encontrei felicidade alguma nas drogas. Momentos de alegria e prazer podem até ter existido, mas esses momentos não me foram proporcionados pelo uso das drogas, foram os relacionamentos, amigos e etc., mas não as drogas.
Experiência de Deus
Quando tive minha primeira experiência com Deus, não fazia mais o uso de maconha, porém ainda sofria os seus malefícios, pois o vício é quase sempre transferido, ou melhor, substituído por outro. A química da droga se vai, mas o comportamento construído por ela fica. O dependente químico quer esconder o que viveu dos novos amigos, até fala que usou drogas, mas quando fala, fala com grandeza como se quisesse dizer que tudo foi apenas uma curtição e que não causou mal.
Um novo vício a ser combatido
A mentira se torna nosso novo vício, um muito mais difícil de largar, pois se torna uma autodefesa. Minhas experiências com a droga eram contadas como se fossem uma viagem de férias. Onde eu era “o cara”. Como disse anteriormente, a mentira se torna um vício tão forte que mesmo depois que tive minha experiência com Deus, continuei contando mentiras sobre minhas experiências de vida. Entrei na Comunidade Shalom assim e vivi por muito tempo, mentindo.
Como qualquer droga, a mentira é uma “lombra” passageira, que ao passar lhe rasga a dignidade. É preciso se deixar ser alcançado pela luz da verdade do Ressuscitado para vencer esse mal. Sentia vergonha de mim, por mentir, mas me havia tornado escravo da mentira, o respeito humano cresceu e tinha medo de perder o respeito das pessoas. A mentira nos afasta da graça.
Vencendo o novo vício
Foi na oração, na súplica humilde diante de Deus e reconhecendo o quanto mal isso me fazia, que à Luz da verdade, Deus foi me fazendo viver uma profunda conversão. E Ele me concedeu a graça. Foi uma experiência muito dolorosa e vergonhosa, olhar para os irmãos e falar… mas um grande alívio.
Na Comunidade, Deus me deu a graça de morar em duas das casas do projeto Volta Israel, e nestas casas tive a oportunidade de ajudar irmãos que viveram as muitas dificuldades da dependência química. Uma experiência fantástica, pois toquei as feridas, as dificuldades de outros de deixar a dependência e o grande desafio de retornar ao ambiente família. Em Deus não só tive a oportunidade de recuperar o controle sobre minha vida, mas também de poder ser auxílio da graça de Deus para o outro.
Sou muito feliz hoje por viver a verdade do que sou, como missionário da Comunidade Católica Shalom. Agradeço a oportunidade de fazer essa partilha. Deus abençoe! Shalom!”
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