Formação

AS COMUNIDADES CARISMÁTICAS

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1- Introdução:

A grande novidade que o Espírito Santo manifesta dentro da RCC é que hoje nós podemos viver a mesma experiência do Espírito que os primeiros cristãos viveram. As comunidades cristãs na Igreja primitiva constituem uma obra carismática do Espirito Santo, que hoje suscita novas experiências comunitárias semelhantes àquelas. A graça do surgimento das Comunidades Carismáticas é uma autêntica obra do Espírito para a renovação no interior da Igreja, pois através destas comunidades Deus tem oferecido uma resposta e uma proposta de conversão ao nosso mundo tão marcado pelo secularismo e pelo individualismo.

O cristianismo é essencialmente comunitário (essa certeza provém da fonte Trinitária : Deus é uma comunhão de Amor . A Trindade é uma comunidade de Amor)

A história da Igreja é marcada pelo suscitar do Espírito em gerar comunidades autênticas (especificar que é objetivo do próprio Deus para a Igreja em cada tempo ) : Atos 2, 42 ss ; as ações apostólicas de S. Paulo; a vida monástica (momentos de arrefecimento na Igreja) ; ordens mendicantes – sempre foi a tônica do Espírito para renovar a Igreja (mostrar que assim também as comunidades carismáticas renovam o interior da Igreja como resposta e proposta de conversão ao mundo).

2- O Surgimento das Comunidades Carismáticas:

É a partir de grupos carismáticos de oração comprometidos que, de acordo com a vontade de Deus poderão surgir comunidades carismáticas. Seria um grave erro pensar que uma comunidade carismática é um estágio superior ao grupo de oração, ao qual todo grupo de oração deve chegar. Pode haver bons grupos carismáticos de oração comprometidos que nunca chegarão a ser uma comunidade carismática muito simplesmente por não ser esta a vontade de Deus a seu respeito.

3- Elementos Fundamentais da Identidade de uma Autêntica Comunidade Carismática:

3.1. Uma comunidade carismática é uma iniciativa divina:

As comunidades carismáticas não são fruto da vontade dos homens, mas uma resposta destes à uma inspiração divina, a um projeto de Deus. As escrituras nos dão um precioso exemplo de projetos que não são de iniciativa divina, mas humana, e, por isso, se frustram, trazendo graves consequências a todos os que nele se envolveram. Assim ocorre em muitas comunidades que, geradas por uma iniciativa humana, não crescem, ou, se crescem, não dão os frutos de uma obra de Deus.

Seus frutos são humanos. Correm o risco de deformarem o projeto de Deus a seu respeito. Nas autênticas Comunidades, Deus chama uma ou mais pessoas para realizar um projeto divino e coloca nos seus corações a graça necessária para cumpri-lo. É uma obra espiritual, que requer um discernimento espiritual. O projeto Divino exigirá renúncias e desafios, e só com a unção de Deus pode ser realizado.

3.2. A sua motivação deve ser a maior Glória de Deus:

Para identificar se o apelo de comunidade que se está sentindo vem realmente de Deus, é fundamental que sejam analisadas as motivações mais profundas. É autêntico o chamado em que existe abertura para que Deus purifique as motivações mais profundas.

3.3. Uma comunidade carismática é original, irrepetível:

O Espírito Santo é criativo, e as comunidades carismáticas, como obras do Espírito, sempre trazem em si belas novidades do Espírito. Assim as comunidades carismáticas autênticas aprendem da tradição da Igreja, mais ao mesmo tempo trazem as novidades próprias do Espírito que as fazem únicas e as tornam resposta de Deus para os desafios dos novos tempos na Igreja e no mundo.

3.4. A Identidade Carismática:

Uma autêntica comunidade carismática traz em si as marcas da RCC. A abundância dos carismas, uma forte vivência da oração pessoal e comunitária, o amor e o estudo da Palavra de Deus, uma adesão incondicional à Igreja e seus ensinamentos, o forte elo de fraternidade e frutuoso apostolado são sinais necessários para identificarmos uma comunidade como carismática.

4. Dimensões internas de uma Comunidade Carismática:

Os frutos da missão de uma comunidade carismática podem ser medidos pela qualidade de sua vida interna, que podem ser divida essencialmente em quatro partes:

4.1 Espiritualidade:

Corresponde a vida de oração e a formação permanente que a comunidade precisa ter para que o Espírito possa gerar a graça necessária ao cumprimento de sua missão.

4.2 Fraternidade:

Deus constitui comunidades para que seus membros vivam o mistério do amor e da unidade. A vivência do amor e da unidade entre os membros de uma comunidade é o sinal que Jesus diz ser necessário para que o mundo creia que Ele é o enviado do Pai (João 17,21).

A comunidade deve estar consciente de seu papel de fomentadora e mantenedora da fraternidade, aproveitando com sabedoria os momentos onde os irmãos possam conviver, conhecer-se, partilhar suas vidas, seus dons e desafios.

4.3 Serviço:

Essa dimensão é tão necessária que a comunidade que não se abre para o serviço fica infrutífera e tende a desaparecer.

O serviço é uma dimensão comunitária utilíssima para a formação de seus membros na humildade e na renúncia. Deve ser exercido nas obras assumidas pela comunidade de acordo com o seu carisma.

4.4 Obediência:

É fundamental que as instâncias de autoridade estejam claramente definidas e que a vivência da obediência seja encarada como uma forma de crescimento espiritual e de busca da vivência da vontade de Deus.

5. Serviço à Igreja:

Cada comunidade carismática está dentro de um projeto divino de claros objetivos. Ao gerar uma comunidade carismática, Deus o faz não só para o bem pessoal e comunitário de seus membros, mas sobretudo para que esses sirvam a Igreja de um modo específico. Deste modo, devemos ter em mente, que uma comunidade carismática não existe para si mesma. Se ela vem do coração de Deus, deve se constituir em um dom para a Igreja. As comunidades carismáticas existem para a Igreja, e é na medida que elas se entregam em uma doação de amor à Igreja que elas são enriquecidas por elas.

Hoje as Comunidades Novas representam uma resposta de Deus para as necessidade da Igreja e do mundo de hoje. São inúmeros os frutos provenientes destas comunidades, tais como: grande número de conversões, o engajamento de leigos, o crescente empenho na evangelização, o crescimento das vocações para a vida sacerdotal e religiosa…

“Hoje é grande a necessidade de personalidades cristãs maduras, conscientes da própria identidade batismal, da própria vocação e missão na Igreja e no mundo! Há uma grande necessidade de comunidades cristãs vivas! E eis, então, os Movimentos e as Novas Comunidades Eclesiais: são uma resposta, suscitada pelo Espírito Santo, a este dramático desafio do final do milênio. Vocês são esta resposta providencial.” (discurso do Papa João Paulo II na vigília de Pentecostes, no encontro com os Movimentos e as Novas Comunidades – maio de 1998)

É vital que se explore o fato de que hoje as Comunidades Novas, na sua grande maioria carismáticas, são reconhecidas, até mesmo pela Igreja, como a grande esperança para a construção de um Terceiro Milênio cristão. As Comunidades Novas são a Aurora (primavera) da Igreja do Terceiro Milênio.


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