Formação

O evangelho e a vida

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Uma grande questão do mundo atual é a antropologia, ou seja,como nós consideramos o ser humano – quais são seus direitos, deveres e suadignidade. As pessoas de fé também são cidadãos e merecem ser ouvidos em suasidéias e convicções. A verdadeira fé não é irracional e nem leva afundamentalismos e sim à construção de uma sociedade mais justa, fraterna esolidária.

A nossa Arquidiocese já manifestou muitas vezes asorientações para os católicos neste tempo de escolhas e decisões importantes.Nós nos colocamos como aqueles que procuram ajudar as pessoas a emitirem seujuízo e sua escolha de acordo com a sua consciência bem formada.

No dia 16 de setembro passado, portanto, antes do Primeiroturno das eleições gerais deste ano publiquei um artigo intitulado“Aproximam-se as eleições”. Neste artigo reafirmei a posição oficial da CNBB,do Regional Leste 1 da CNBB e da Arquidiocese de São Sebastião do Rio deJaneiro em que a Igreja Católica não tem candidatos, não tem preferência oucolorido partidário e que não estaremos indicando nenhuma candidatura e nemapresentando lista de candidatos.

A Igreja Católica, no geral, trabalhou, colheu assinaturas eapresentou para a aprovação o Projeto de iniciativa popular chamado “FichaLimpa” em que prestou um grande serviço ao Brasil, como também o foi a assimchamada lei 9840.

 

No artigo acima recordei que todos os eleitores“participamos da missão profética de Cristo, pela qual deve ser instaurado oReino de Deus, a Justiça, a Verdade, o Amor e a Paz. Esta voz profética exigede nós uma vigilância e participação contínua sobre a realidade em que vivemos,infelizmente manchada com muitos contra-valores e interesses que desencadeiamviolência e injustiças”.

 

Por isso o que a Arquidiocese reafirma é convocar os seusfiéis, na liberdade e na responsabilidade do foro sagrado e secreto do podereleitoral que o voto faculta, a comparecer às urnas e exercitar a sua cidadaniafora de qualquer pressão externa para votar em consciência nos candidatos quetenham compromisso com o Evangelho, que respeitem a vida desde a concepção atéo seu termo natural, passando por todos os momentos da vida humana e ajudandoas pessoas a viverem com dignidade no trabalho, saúde, habitação, lazer,locomoção, comunicação, como eu deixei claro no referido artigo, reafirmandonão só o meu pensamento pessoal, mas a minha estreita comunhão com o Papa BentoXVI, com o Magistério Universal da Igreja Católica, portanto, com toda aIgreja: “O nosso Regional Leste 1 da CNBB recordou alguns critérios paravalorizar o nosso voto: defesa da dignidade da Pessoa humana e da Vida em todasas fases e manifestações, defesa da família segundo o plano de Deus, liberdadede Educação e liberdade religiosa no ensino, a solidariedade com particularatenção aos pobres e excluídos, o respeito à subsidiariedade e o compromisso naconstrução de uma cultura da paz em todos os níveis”.

 A Arquidiocese do Rio incentiva a participação política detodos os fiéis e se preocupa em oferecer critérios para que possam escolherseus candidatos, de forma livre e consciente, em conformidade com a doutrinasocial da Igreja.

 A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e o RegionalLeste 1 da CNBB, que reúne todas as dioceses do estado do Rio, tambémmanifestaram durante os momentos antecedentes ao primeiro turno, textos comorientações sobre o voto consciente para os católicos.

 A Cúria Arquiepiscopal do Rio de Janeiro, para reforçar eesclarecer a posição da Igreja Católica divulgou, sob a nossa autoridade, nodia 16 de setembro, uma nota sobre as eleições para todas as paróquias daCidade. Nessa nota, declarou: “(…) tendo em vista a proximidade das eleições,informo que a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro não possui nenhumtipo de compromisso ou ligação com quaisquer candidatos ou partidos políticos”.A nota ainda ressaltou: “Ao contrário, a Arquidiocese gostaria de recordar aimportância da escolha individual, que deve ser feita por cada fiel cristão.(…)”.

 Não aceitamos nenhuma manifestação que tem por escopodividir o Povo de Deus. Por isso, oRegional Leste 1, tornou público nessa segunda-feira a sua manifestação, emnota, acerca do Segundo Turno. Não é aceitável a visão da pessoa fechada aotranscendente, sem referência a critérios objetivos e determinadasubstancialmente pelo poder dominante e pelo Estado revelando uma antropologiareduzida.

 A “Nota da CNBB em relação ao Momento Eleitoral” de 8 deoutubro de 2010 também afirma o “direito – e mesmo, dever – de cada Bispo, emsua Diocese, orientar seus próprios diocesanos, sobretudo em assuntos que dizemrespeito à fé e à moral cristã”.

 Por isso, ao recordar no último final de semana aos nossospárocos a necessidade de orientar o povo sem fazer campanha específica decandidatos dentro dos templos está em sintonia com o que pede a atuallegislação eleitoral e a natureza das orientações da Igreja que sempre procuroupautar assim suas decisões.

 Reafirmamos que a Arquidiocese do Rio não apóia candidatos enem partidos. Trabalhamos pelo Evangelho e anunciamos a vida e conclamamosnossos fiéis a votarem com consciência em candidatos que trabalhem em favor dopovo, da valorização da vida, da coerência familiar e dos valores do Evangelho.Neste momento elevamos nossas “mãos para o céu” para pedir serenidade, paz eunidade para todos para que votem com critérios longe de qualquer pressão externa.

 Por fim deixo as palavras de Jesus para iluminar nossacaminhada até as eleições, na ordem e preocupados com o bem comum comocatólicos unidos no perdão, na acolhida e na misericórdia: “Eu sou o caminho, averdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim!”


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